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Diferenças na prática do lobby entre EUA e Brasil demonstram complexidade da área

29/08/2014

A operação do trabalho de relações governamentais está diretamente ligada à estrutura política de cada país e às peculiaridades dos ritos de decisão de cada instância pública. E isso evidencia a complexidade do trabalho dos profissionais que estejam em estruturas multinacionais numa sociedade tão interconectada. Pois as experiências no tema no Brasil e nos Estados Unidos foram alvo dos primeiros painéis da 2ª Conferência Aberje de Relações Governamentais, realizada no Espaço Sumaré nos dias 28 e 29 de agosto de 2014 na capital paulista.

João Sanches, sócio-proprietário da NVS Holding Consultoria, levou ao evento sua trajetória internacional. Ele é senior advisor da Albright Stonebridge Group, empresa liderada pela ex-Secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, mundialmente reconhecida pela atuação em diplomacia, assuntos internacionais e política. Começou fazendo uma distinção entre lobbying e advocacy: o primeiro diz respeito a um processo de influência na tomada de decisões políticas em diversos âmbitos com engajamento mais direto de interlocutores; sendo que a segunda área busca criação de um posicionamento sobre um tema e sua difusão por canais institucionalizados.

A atividade de lobby nos Estados Unidos é regulada por lei, com critérios claros de enquadramento – como percentual de tempo do profissional dedicado ao assunto e qual valor envolve este contrato entre as partes. Os grupos de ativistas são uma parcela relevante no cenário norte-americano, porque legitimados pela movimento da sociedade civil. Muitas vezes, são eles que acabam representando causas das empresas. Diferente do Brasil - onde as relações governamentais são ativadas com fornecedores temporários ou por funcionários próprios nem sempre preparados, nos EUA a visão é de amplitude. “Sem longo prazo e planejamento não tem saída, não tem como criar um capital político e relacional”, completa.

 

 

Um horizonte de tempo mais longo de atuação demonstra abertura para outros agentes e a matriz de trabalho fica mais complexa. Democracias são influenciáveis pela opinião pública, e naturalmente neste ínterim a mídia ocupa um papel importante junto a grupos de pressão. Outro ponto levantado foi o trato com funcionários públicos nos EUA, que tem uma postura mais estratégica e contem um elemento interessante: as carreiras das pessoas lá transitam entre cargos públicos e privados, onde elas acumulam experiências. No Brasil, não há tanto essa migração e disposição em se estar em lados diferentes, se não por vezes antagônicos.

Sanches apontou três passos para criação de valor em relações governamentais: 1) analisar tendências de política e mercado (rede de influenciadores, estrutura institucional existente, definição de pontos-chave), apresentar uma proposição de valor (mapa de stakeholder, fluxo de decisão dos temas, parcerias) e planejar e ativar o trabalho. Entre os principais problemas nesse fluxo, aponta o desalinhamento entre áreas internas e suas frentes desarticuladas de abordagem dos agentes decisores externos e desconhecimento sobre os recursos adequados para manter as relações entre as partes. “Quanto mais regulada for a dinâmica do país, mais necessário é investir em relações governamentais. E quanto mais a atividade criar e comprovar valor, mais será aceita e apoiada pela alta direção”, acentua. É muito claro nos EUA para os acionistas que empresas que garantem processos éticos e transparentes e mantêm forte relação comunitária acabam tendo maior rentabilidade. Reputação é um grande ponto ainda não visto assim no Brasil, mas é uma percepção cada vez mais transversal e global.

 

BRASIL - Ricardo Salles, Secretário Particular do Governador do Estado de São Paulo, relatou algumas articulações reais, em níveis estadual e federal, para demonstrar a prática cotidiana de interlocução com diferentes agentes institucionais, do ponto-de-vista de um governo. Entre os pontos que levam um tema ser apoiado pela estrutura governamental estão potencial de arrecadação, geração de emprego e ganho tecnológico.

A relação entre as empresas e o Governo do Estado de São Paulo tem sido muito profissional e cordial. Há uma maturidade de parte a parte que muito contribui para a solução de temas e aproximação. De todo modo, ainda seria produtivo disseminar um maior conhecimento acerca do real funcionamento interno dos órgãos do governo e respectivas competências, para que possa haver um direcionamento mais efetivo dos pleitos. Ele aproveitou a oportunidade para esclarecer o arranjo administrativo interno do governo paulista. E reconhece que há particularidades da estrutura política brasileira que tornam o exercício profissional em Relações Governamentais muito mais complexo. Isso nem está ligado estritamente à extensão territorial, embora a divisão em múltiplos estados federativos amplie a burocracia.

 

 

Na opinião de Salles, conhecer interlocutores, suas competências e limites de poder é fator preponderante para a agilidade dos trâmites na burocracia governamental e para o sucesso final da demanda organizacional. E isso com uma pauta determinada e relevante, por isso entender a agenda crítica de cada momento, monitorando acontecimentos da sociedade,o passa a ser um insumo relevante. O secretário aposta numa postura profissional de objetividade nas abordagens e conhecimento jurídico e legislativo como fórmula de um trabalho de sucesso. 

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