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Conectividade compulsiva e compartilhamento indiscriminado alteram conceito de passado

21/08/2014

“Imemory” é a maneira de se pensar e contextualizar mídia e memória sob o aspecto da conectividade, em seu gigantismo e particularidades de registro. A progressão tecnológica e a sinergia que existe entre humano e digital, com conectividade compulsiva e compartilhamentos indiscriminados, precisam ser repensadas. Isso leva a uma dependência da memória digital e a uma deterioração e uma incerteza sobre o presente e o futuro. Foi com esta contextualização que teve início a palestra “iMemory : porque as novas tecnologias digitais  transformaram o passado em futuro”, desenvolvida pelo professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Glasgow/Escócia e fundador e editor-chefe da revista Memory Studies, Andrew Hoskins. O encontro aconteceu na manhã de 19 de agosto de 2014 no Grande Auditório do MASP em São Paulo/SP, e reuniu mais de 350 pessoas em torno da oitava edição do Fórum Permanente de Gestão do Conhecimento, Comunicação e Memória – Como as histórias estão transformando os negócios

A conselheira do Instituto Votorantim, Ana Helena de Moraes, fez as boas-vindas aos participantes. Ela acentuou o extenso trabalho do grupo na preservação de memória e atestou que, com a formação de um espaço específico no tema, houve mais critério nas escolhas, com metodologia adequada e preservando um conteúdo empresarial ao lado das evidências de contribuição para o desenvolvimento industrial brasileiro. “São pessoas, famílias e vivências construídas em conjunto, que devem ser passadas para novas gerações”, postula. Emiliana Pomarico, Gerente de Eventos da Aberje, registrou que o envolvimento da entidade com o tema da memória retrocede a 1991, e desde então já foram publicados livros, realizados eventos nacionais e internacionais, editadas matérias nas publicações próprias impressas e digitais e articuladas parcerias em torno da relevância da responsabilidade social histórica. Os estudos do diretor-presidente da Aberje e professor livre-docente da ECA/USP, Paulo Nassar, foram lembrados por ela como decisivos para este direcionamento estratégico, incluindo aí o Grupo de Estudos de Novas Narrativas – instância multiinstitucional que reúne mais de 40 pesquisadores e profissionais interessados na emergência de novas abordagens e linguagens para as narrativas organizacionais com novos contextos e novas possibilidades de comunicação geradas a partir deles.

Karen Worcman, diretora-presidente do Museu da Pessoa, completou a sessão inicial. Ela celebrou a conquista do Fórum em torno de uma identidade própria, reconhecível e conjunta, o que é difícil em meio a uma profusão de iniciativas oferecidas na cidade de São Paulo, e como esta diferenciação tem garantido alta adesão de público. A curadoria feita pelos organizadores sobre assuntos e palestrantes convidados certamente é decisiva para a atenção de pesquisadores, estudantes e empresários nas plateias ao longo dos anos. “Passado, presente e futuro são formas de desenhar o espaço e o tempo. Uma parte dessas formas de organização vem de nossas heranças culturais”, refletiu ela, seja através de documentos, álbuns de fotos ou eventos familiares. O impacto deu-se na forma de registrar, e como isto altera a maneira de ver o passado e de cultivar lembranças. De todo modo, Karen não hesita em afirmar que continua sendo imperativa a geração de sentido para as pessoas: “memória é significado, não registro”.

 

 

Andrew Hoskins deu continuidade a seu raciocínio alertando que a sociedade está em plena migração de uma época de estabilidade para um período de emergência, uma escala de mudanças sem precedentes e com alto grau de documentação e difusão entre as pessoas. Ele diz que “o acúmulo de conteúdo digital e a emergência desses conteúdos a qualquer tempo marca uma cultura de pós-escassez”. Para o pesquisador escocês, “mudamos da memória codificada para uma memória potencial, que pode emergir, de maneira acidental ou deliberada, em qualquer momento. Tudo que se faz está visível e não pode ser esquecido. É um arquivo vivo”. A expansão infinita e a longevidade de imagens, vídeos e textos – reprodução, duplicação, distribuição, circulação e arquivamento – faz o passado não ser mais fixo e intocável. Ele acaba, por uma reconfiguração digital, até virando o presente.

Os conteúdos hoje ganham valor exatamente pela capacidade de estar em todos os lugares e conectar pessoas. Espalhar, afirma o palestrante, é um valor, mas entende que a conectividade precisa de mais atenção sobre seus efeitos. “Conteúdo digital é pegajoso. Só que o tempo de decadência da mídia está diminuindo. A obsolescência é ainda mais rápida, e os conteúdos não têm mais estabilidade e continuidade, acabando presos às máquinas que os comportam”, explica. Uma plataforma de vídeo em uso atualmente tem como prerrogativa a temporariedade das imagens, que não ficam acessíveis por mais que cinco minutos. Novos dispositivos e apps estão sendo e serão lançados acirrando a interconectividade, com a internet das coisas que chega a roupas e a chips corporais. “Há uma contração do significado presente”.

Um dos pontos em suspenso hoje em dia é o esquecimento. Com o armazenamento indiscriminado de memórias acessíveis por quaisquer pessoas em rede, dificulta-se o esquecer. “O arquivo controla o passado e o futuro de cada um”, alerta. Os smartphones trazem espetacularização da vida, com qualidade decadente. E denuncia: “o ato de gravação é mais importante do que o que está sendo gravado”. A prática obsessiva das “selfies” ocupou parte da apresentação como mau exemplo dessa época. O evento foi finalizado com um debate com a plateia. O historiador e jornalista Mauro Malin e Karen Worcman acompanharam Andrew Hoskins na sessão.

 

 

O Fórum Permanente de Gestão do Conhecimento, Comunicação e Memória é resultado de parceria firmada em 2010 entre a Aberje, a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, o Grupo de Estudos de Novas Narrativas/GENN, o Memória Votorantim e o Museu da Pessoa. Outras informações podem ser obtidas no hotsite especial ou ainda diretamente com Priscila Fiorelli no priscila@aberje.com.br ou ainda pelo telefone 11-3662-3990 ramal 845.

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