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Aproximação entre academia e mercado deve sair da teoria e gerar comunicador capacitado

19/05/2014

Qual é o perfil do novo profissional e o que o mercado espera da formação de um relações públicas: esse foi o escopo do “Painel Comemorativo – 40 anos de curso de RP da UEL e 100 anos do curso de RP no Brasil - Diálogo entre a academia e o mercado”, proposto dentro da programação do VIII Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas. Participaram Giselle Colins, Gerente de Comunicação da Vale no Maranhão; Sergio Bourroul, Diretor de Comunicação da Odebrecht; Alexandre Fabian, Diretor do Grupo Plaenge; Margarida Kunsch, Diretora da Escola de Comunicações e Artes da USP; e Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor-doutor e livre docente da ECA/USP. Zilda Aparecida Freitas de Andrade, professora da UEL, atua como moderadora.

O evento, realizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas/Abrapcorp com apoio de uma série de órgãos e entidades como a Aberje, aconteceu entre 14 e 16 de maio de 2014 na cidade paranaense de Londrina.


 

Para Nassar, não dá para trabalhar  com a dicotomia academia e mercado. Ele pontua que se trata de uma lógica excludente, do “e”, e não a postura inclusa do “ou”. Esse distanciamento teórico e prático só faz ignorar a ocorrência de várias doenças no ambiente corporativo, como a depressão, obesidade de informações e carência de sentido e de significado. Nenhum dos lados discute isto de maneira suficiente, em sua visão. E lança uma pergunta e propõe o caminho: “o que significa se comunicar hoje em uma sociedade que provoca controvérsias e diversos pontos de vista? É preciso ser um profissional que não veja só o texto, mas que veja o contexto. Não veja só o técnico e o operacional, mas que veja a ética e a estética”. Características do Perfil do Profissional de Comunicação no Brasil 2013, organizado pelo DatAberje, foram mostrados. As pesquisas podem ser acessadas aqui.

Ele rememorou estudos de Durkheim sobre a constituição das profissões em três eixos: prática, teoria e associativismo. É uma perspectiva de legitimidade de que toda profissão precisa ter suas associações, seus conselhos, seus encontros, seus ordenamentos para discutir práticas e teorias. Neste sentido, Nassar entende que “o profissional de RP precisa defender a sua identidade. As novas diretrizes para os cursos precisam ser implantadas, porque elas são muito bem elaboradas e contemporâneas. RP é a área mais importante, aquela que faz a gestão de todos os públicos e do social e por isso precisa se defender”.

Margarida Kunsch falou sobre a importância do debate entre a academia e o mercado, que não podem ser vistas como instâncias separadas. Relações Públicas faz parte do ramo das Ciências Sociais Aplicadas e deve haver uma relação de complementaridade. Ela pontua o fato das pesquisas acadêmicas dependerem, em vários casos, da vivência trazida por profissionais, sendo que depois são devolvidos insights e novas inteligências. E lembra que o ensino nesta área passou por diferentes estruturas curriculares, sempre refletindo sobre o papel da universidade. A grande preocupação é a busca de uma identidade para o curso, a partir de tantos campos do saber desenvolvidos nas últimas décadas. Há 45 cursos no Brasil de pós-graduação em RP que precisam gerar novos conhecimentos e teorias. “O que queremos é uma identidade real, que todos se orgulhem de ser formados na área. E isto significa não relações públicas voltadas puramente para os negócios, mas que contribua para a sociedade”, pontua.

E os desafios, dentro da ideia de pesquisa, ensino e extensão, são diversos e passam sempre por ser inovador e ter flexibilidade, com capacidade de desconstrução e de reconstrução do pensamento a partir desta comprovada incerteza global sobre tantas questões. Kunsch ainda defende uma visão interdisciplinar, de reciprocidade, convergência, disponibilidade e disposição de espírito de todas as disciplinas. “E é preciso ser empreendedor, valorizar a cultura científica e a mudança de pensamentos, além de repensar a relação entre o professor e o aluno”, acrescenta. Saber lidar com ambiguidades, selecionar a alavanche de informações e o que realmente importa para o desenvolvimento pessoal e profissional, são outros pontos levantados.

 

MERCADO - Para Bourroul, a empresa está numa perspectiva sempre muito pragmática. A Odebrecht, por exemplo, completa 70 anos em 2014 e tem presença em 27 países, com 200 mil integrantes na força de trabalho vindos de 80 nacionalidades e opera o tempo todo na comunicação. A história da empresa foi construída sobre o negócio da engenharia, que é prestação de serviço e depende diretamente do desempenho de pessoas. A cultura empresarial  da empresa é muito peculiar, forte e diferente por conta desta visão. E sugere: “é preciso identificar a cultura da empresa em primeiro lugar, quando se deseja trabalhar nela. É isso que vai nortear a sua carreira, deixá-lo feliz. É preciso admirar esta empresa”. O diretor comenta que a Odebrecht procura jovens recém-saídos da universidade, mas não está tão preocupada com o currículo, mas sim com quem que se identifique com a sua cultura. “O que buscamos é gente com iniciativa, bem preparada, com visão holística das coisas, com criatividade, coragem e determinação. A tecnologia empresarial da Odebrecht é um código de conduta e um modelo de gestão: é o que pensamos, como atuamos na prática e como sabemos quais são os limites desta atuação”, arremata ele. Outro ponto importante para a Odebrecht é o espírito de confiança absoluto. Isso é o que vai viabilizar a descentralização marcante na empresa. As decisões são tomadas na ponta e a comunicação é uma área de apoio nessa tarefa.

Giselle acredita no poder do conhecimento. Para ela, mesmo enquanto profissional, não se deixa de estudar nunca. A sociedade busca sempre novas formas de interlocução com a empresa e isto exige atualização constante. O mercado precisa buscar o que está sendo produzido e discutido na academia, e assim gerar um comunicador plural. Relações Públicas, em sua visão, traz esta marca e tem sua singularidade no planejamento, na pesquisa e na mensuração de resultados. Na Vale, ela refere ser preciso buscar o pensamento estratégico e pessoas que se identifiquem com a cultura, a missão, visão e valores da empresa.  “Os profissionais de comunicação têm que mostrar o quanto esta profissão é importante, o quanto eles podem contribuir e opinar. Precisam colocar as suas ideias, se impor, tomar decisões. É preciso ousar e ter coragem. E a universidade dá este pensamento aos comunicadores”, opina.

O Grupo Plaenge trabalha nos campos imobiliário e industrial. Foi fundado em Londrina e possui 44 anos e 2 mil profissionais empregados. Possui 38 profissionais na equipe de comunicação e marketing. Fabian mostrou algumas campanhas realizadas pela área interna para o novo posicionamento da Vanguard Home voltado a público mais jovem e ainda os esforços em torno da marca Plaenge, demonstrando sua história de confiança, como o caso da campanha “Gente de Valor” no formato de storytelling. Ele entende que a partir da geração “me-me-me”, é preciso ainda mais olhar para o outro e servir ao outro. E complementa: “quando se pretende entrar em uma organização, precisa entender o mercado para só então criar peças de comunicação, procurando histórias e seus aspectos interessantes”.

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