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Relações Governamentais é uma prática de Comunicação com rituais específicos

28/08/2015

Entrevistamos Gilberto Galan, professor, membro do Conselho Deliberativo da Aberje e sócio-diretor da Galan&Associados, para saber mais sobre o cenário das Relações Governamentais no Brasil

As Relações Governamentais tem ganhado os holofotes nos últimos anos. Quais as características dessa área de atuação? O que um profissional precisa ter para trabalhar na área?

Gilberto Galan, que também é autor do livro Relações Governamentais & Lobby- aprendendo a fazer, conversa sobre a profissão e seus aspectos técnicos e políticos na atual conjuntura. Confira abaixo a entrevista completa:

Galan, conte-nos um pouco sobre como ingressou na área de Relações Governamentais.

Na realidade, eu ingressei meio por acaso. Eu era Gerente de Pesquisa de Mercado na Kodak naquela época. Tinha um senhor que fazia essa função [de Relações Governamentais] na Kodak, mas era de uma maneira meio burocrática. E eu sempre achei que essa área precisava de um pouco de Relações Públicas ao tratar com membros do Governo, e fazer atividades que dessem certa visibilidade à empresa.

Essa pessoa, infelizmente, ficou doente e morreu. Então, me convocaram; disseram “olha, semana que vem tem uma reunião [sobre acordos comerciais] no México e você precisa ir”. Eu não tinha a mínima ideia do que fazer lá.

Então, eu aprendi [Relações Governamentais] fazendo; cometendo muitos erros e depois alguns acertos. Isso porque não existia – e existe pouco ainda – uma formação profissional, tudo era feito de maneira empírica e improvisada. Se o profissional era falante e tinha facilidade de relacionamento, servia para Relações Governamentais, para falar com deputado e Governo em geral. Então, antigamente, você atuava na área observando o que os colegas faziam, o que acontecia no mercado, e tantava adaptar para sua realidade.

Em sua opinião, quais competências um profissional precisa ter para trabalhar com Relações Governamentais?

É importante ressaltar que Relações Governamentais é uma prática de Comunicação – não sem razão, a Aberje encampou a ideia. É uma prática de Comunicação que tem rituais, linguagens e maneiras de atuar específicos. Então, quem quer entrar nessa área precisa ter, pelo menos, o domínio das ferramentas de Comunicação. Essa é a primeira coisa.

Na mitologia, o deus Hermes é patrono das Comunicações. Uma de suas características é saber transitar entre deuses e mortais. Da mesma forma, a segunda característica importante para o profissional de Relações Governamentais é saber transitar nos meios adequados; se eu não sei como entrar aqui, eu vou procurar contatos. Você vai transitando entre os meios até chegar ao alvo pretendido.

Assim como Hermes, o profissional da área tem que saber trazer e levar mensagens. Ele é ponte entre a empresa e o Governo em suas diversas esferas, e exerce essa função levando informações da empresa e/ou do setor e trazendo as informações dos círculos para tentar entender e decodificar o cenário. Se fizermos um paralelo com o marketing, isso é inteligência de mercado.

Uma terceira característica é o poder de argumentação e persuasão. Há a necessidade de desenvolver uma linha de raciocínio lógica, às vezes usando apelos emocionais, às vezes racionais. Se você vai falar com uma pessoa sobre decisões tributárias, [o argumento] é puramente racional. O profissional tem que ter habilidade de sacar do bolso o estoque de argumentos para poder utilizar a estratégia e abordagem mais adequada, dependendo do seu interlocutor.

Se você parar para pensar, é uma pirâmide: quanto mais na ponta a pessoa está na instituição, mais político e menos técnico ela deve ser. O profissional de Relações Governamentais precisa ter jogo de cintura para lidar com todas as situações.

Nos dias 15 e 16 de setembro, você vai ministrar o curso “Como Fazer Relações Governamentais e Institucionais” aqui na Aberje, você pode nos contar um pouco sobre como é este curso e a quem se destina?

Esta é a 13ª edição do curso. Então, diante do cenário atual, reformatamos algumas partes para justamente tentar endereçar o que está acontecendo hoje. Assim, adequamos algumas estratégias para o momento presente.

A ideia original do curso veio por inspiração do Paulo Nassar. Ele teve a visão de que a Aberje, sendo a casa da Comunicação, deveria ter o primeiro curso de Relações Governamentais do Brasil sob a perspectiva corporativa. O curso é destinado tanto ao Comunicador que quer complementar o seu escopo de atuação, como àqueles que já trabalham na área e querem se atualizar e sistematizar seus conhecimentos.

De forma bem direta, esse programa é uma sistematização da atividade de Relações Governamentais. Para que os profissionais não passem tanto sofrimento quanto eu e os colegas de profissão passamos anteriormente [risos]. Pode perguntar para qualquer um da minha geração, eles vão dizer “aprendi fazendo, levando paulada”. Não que a gente não vá levar mais [pauladas], vamos passar por muitas turbulências ainda, mas podemos minimizar isso por meio da sistematização do conhecimento e das ideias, de modo que, posteriormente, você possa utilizar essas ferramentas de acordo com a situação.

É importante que os participantes tragam seus cases para enriquecer o aprendizado. É muito bom trazer suas aflições para a aula, porque é comum no dia a dia a pessoa não ter nem com quem partilhar. É uma excelente oportunidade de networking e troca de experiências.

 

O curso “Como fazer relações governamentais e institucionais”, ministrado por Gilberto Galan, acontece nos dias 15 e 16 de setembro, no Espaço Aberje Sumaré, em São Paulo/SP.

Para mais informações, acesse: http://cursosaberje.com.br/cursos/como-fazer-relacoes-governamentais-e-institucionais-4.html.

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