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Desenvolvimento da cultura pode estar ligado a novos negócios nas organizações

31/10/2013

A relevância social e intelectual dos projetos patrocinados por organizações, com investimentos diretos ou incentivados por leis específicas na área, é um ponto pacífico ao se fazer análise do desenvolvimento do mercado cultural brasileiro. São processos de governança cada vez mais transparentes e ligados a objetivos públicos e coletivos, a partir de curadorias especializadas e dentro de uma observação atenta das demandas da sociedade. Isto tudo sem deixar de lado o fortalecimento de marcas e reputações e o engajamento de públicos estratégicos. Mas agora há um outro nível de trabalho dos setores responsáveis pela criação, produção, aprovação e divulgação de projetos culturais: a possibilidade de vínculo com a criação de negócios.

Este foi o cenário de fundo de um dos quatro painéis do III Seminário Aberje de Gestão Cultural, realizado com o tema “Negócios que geram valor” no dia 25 de outubro de 2013  em São Paulo/SP. A atividade foi moderada por Miguel de Almeida, diretor da Lazuli Editora, e teve entre os cases mostrados a Exposição “Impressionismo: Paris e a Modernidade” do Centro Cultural Banco do Brasil, o Programa Natura Musical e o Rock in Rio.


 

A exposição trouxe pela primeira vez ao Brasil uma seleção de 85 obras-primas do acervo do Museu d’Orsay de Paris, um dos mais visitados museus do mundo, dedicado à arte do século XIX e detentor da mais importante coleção de impressionistas. O CCBB-SP busca, desde 2001, injetar uma vitalidade ainda maior na cena paulistana com programação de qualidade e programas educativos. A ideia também é contribuir para mudar a relação do cidadão com o centro da cidade. Rogério Campos, Gerente de Comunicação e Administração do espaço, detalhou as ações especiais de relacionamento e divulgação interna e externa para mobilizar funcionários do Banco do Brasil, comunidade e parceiros na atividade. Os eixos principais foram Assessoria de Imprensa, Redes Sociais e Ações de Relacionamento. As ações foram conduzidas com o objetivo de revelar o ineditismo da mostra, fortalecer o relacionamento entre os públicos envolvidos e ampliar a permanência do evento na mídia, ao longo de toda a temporada. Era preciso fomentar o desejo pela exposição e expandir a experiência expositiva para além do espaço expositivo. Por isto, foram criados espaços para relatos dos visitantes, evidenciando o legado. Junto a isto, seria natural o fortalecimento das marcas das empresas patrocinadoras e a relação dos stakeholders do projeto com a mídia.

Ainda pouco exploradas pela área expositiva,  as redes sociais cumpriram um papel muito importante no contato com o público da exposição.  O grande destaque foi o Facebook, que acabou se tornando um afetuoso livro de visitas da mostra, recebendo comentários e compartilhamento de conteúdos que ampliaram  o entendimento do movimento impressionista e pós-impressionista. No Instagram, estiveram as principais repercussões da mostra com registros dos usuários nas filas,  antes de iniciarem a visita, e após o passeio, com imagens do prédio do CCBB e dos cartazes da mostra. O público interno foi buscado através das agências de notícias da instituição e do boletim Agenda Positiva, com acesso exclusivo às segundas-feiras e, na comunicação externa, foi feita uma entrega programada e estratégica de catálogos a formadores de opinião.

 

NATURA MUSICAL – Fernanda Delfino, Gerente de Apoios e Patrocínios da Natura, começou sua palestra pela conceituação da escolha artística do programa. Uma extensa pesquisa mostrou que a música tem a capacidade de reproduzir uma experiência de estar bem, essência da empresa. É um veículo universal de conexão emocional e, há oito anos, foi adotada como fio condutor do Programa Natura Musical, realizado por meio de 18 editais que levaram 200 projetos a 18 estados, com investimento de R$ 76 milhões. Só em 2013, são 111 shows por 30 cidades, atingindo 210 mil pessoas, sempre escolhendo iniciativas que valorizam o diálogo entre ritmos e revelam a alma brasileira com criatividade e excelência artística. Também promove o Festival Natura Musical, grande celebração da riqueza e diversidade da música brasileira, que reúne jovens talentos, artistas consagrados e músicos de tradições regionais.

Entre os aprendizados do trabalho, ela cita a importância de buscar um ambiente com sinergia com os valores da marca e o jeito de ser da organização, ter coerência e consistência nas escolhas de artistas e repertórios, ter compromisso de longo prazo e equilibrar investimento em patrocínio com gestão e ativação.

ROCK IN RIO - São 29 anos, três países e 12 festivais marcando a história da música mundial. Essa é a trajetória do Rock in Rio, apresentado no evento da Aberje por Camilo Barros, diretor executivo da Dream Factory. Ao longo de quase 30 anos, tornou-se dono de uma história de destaque no cenário musical, com mais de 6 milhões de pessoas reunidas e um dos mais contundentes em presença digital. Nascido no Rio de Janeiro, conquistou não só o Brasil, mas também Portugal e Espanha, sempre com a intenção de levar todos os estilos de música para os mais variados públicos. Muito mais que um evento musical, acabou sendo uma plataforma completa e abrangente de temas e relacionamentos, começando pela sustentabilidade e responsabilidade socioambiental. E assumiu o compromisso de conscientizar as pessoas que, com pequenas atitudes no dia a dia, dá pra fazer do mundo um lugar melhor, reitera Barros.

Na verdade, ele fala mais: desde 2001, o Rock in Rio tornou-se um projeto social com diversas ações paralelas internas e externas. A proposta neste ano foi de reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos produzidos na Cidade do Rock, melhorar a eficiência energética do evento e tomar medidas de sustentabilidade nas ações e campanhas de comunicação. Realizaram a campanha Lixo no Lixo, Rio no Coração, o Prêmio Viva Cazuza de Vídeo, doações de materiais e o Prêmio Atitude Sustentável. No campo do engajamento de públicos, tem farto leque de iniciativas, como RockMission, Rock in Rio em 30 notas, Rock in Rio Street Dance e fã-clube. E tudo isto ainda resultou injeção de US$ 480 milhões na economia brasileira, com 95% da ocupação hoteleira da capital carioca, atraindo 75 marcas associadas.


 

Alexandre Matias, diretor de Redação da revista Galileu, e Facundo Guerra, empresário do entretenimento e sócio-fundador do Cine Jóia, participaram de um debate descontraído no final do seminário. Matias fez uma retrospectiva do mercado musical desde os anos 80, quando começou a aglutinação de vários empresários dos setores de artistas e de gravadoras para fortalecer seus negócios. Na ocasião, aponta ele, começou uma perda de vínculo com o sentido maior da cultura, dada a aproximação e o guia exclusivo da visão econômica. Outro grande movimento na área lembrado pelo palestrante foi a digitalização e a troca coletiva de arquivos, como no sistema Napster, no final da década de 90. E a partir daí foi havendo uma exigência de readequação dos players, o que se viu por exemplo na decisão de bandas tradicionais como Radiohead ter adotado processos de download de suas produções. Aliás, Facundo Guerra falou justamente do impacto das redes sociais no mercado do entretenimento, e toda a formação de um sentimento de tribo e de agregação de pessoas potencializados pela ligação digital, que prescinde dos mecanismos de divulgação convencionais. Há diversas consequências artísticas negativas, por outro lado, como casas que fecham por falta de regularidade de público e artistas que não conseguem mais lotar espaços. Para Facundo, até o conceito de formação de público é do século XIX. “Não existe mais espaço para aculturar o público”, opinou.

A edição 2013 do Seminário Aberje de Gestão Cultural aconteceu com patrocínio da Bayer e da Petrobras 60 anos e apoio do Jornal Valor Econômico, da Expomus, do portal Patrocínio Brasil e da Edelman Significa, e ainda sob parceria do Doutores da Alegria.

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