A Aberje realizará no próximo dia 28 de fevereiro, em São Paulo, o I Seminário Aberje de Gestão Cultural. Realizado no Museu de Arte de São Paulo, o evento terá duração de um dia, ao longo do qual especialistas, representantes da imprensa nacional, da academia, das empresas investidoras, dos espaços culturais e promotores culturais debaterão as realidades e perspectivas da área. Giselle Frattini, Gerente Executiva do Banco do Brasil, debaterá no seminário o modo como a cult.ura entra no posicionamento da marca.
Na segunda parte do Seminário, a mesa-redonda “Cultura de marca ou marca da cultura?” trará dois grandes nomes do investimento cultural corporativo no Brasil, a Diretora de Cultura do Oi Futuro, Maria Arlete Gonçalves e a Gerente Executiva do Banco do Brasil, Giselle Frattini.
Em sua palestra, Frattini – que atualmente Coordena as ações de endomarkating e comunicação interna, a gestão da marca Banco do Brasil e os Centros Culturais Banco do Brasil - abordará o modo como a cultura entra no posicionamento da marca.
Confira a entrevista da Aberje com a executiva:
Aberje - Qual tem sido a sua percepção sobre o papel desempenhado pelas empresas no ambiente cultural?
Giselle - Para uma empresa, o investimento em cultura representa uma importante ferramenta em sua estratégia de comunicação institucional, atraindo para si valores agregados aos projetos patrocinados, ampliando o relacionamento com seu público alvo, e dando visibilidade para a sua marca.
Com os crescentes investimentos das empresas em cultura, que cada vez mais adotam políticas contínuas de patrocínio, o ambiente cultural ampliou quantitativa e qualitativamente. O crescimento da parceria entre empresas e sociedade, incentivado pelo poder público por meio da criação das leis de incentivo à cultura, promoveu uma mudança significativa do mercado cultural brasileiro, notadamente pela geração de oportunidades de criação, pesquisa e de difusão da arte, pela especialização e qualificação de artistas e produtores, e pela geração de renda e empregos, direta ou indiretamente.
No caso do Banco do Brasil, nossas ações estão concentradas nos três centros culturais, localizados em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Os CCBB ajudaram a profissionalizar e a perenizar o apoio institucional à cultura. Temos um calendário para seleção dos projetos, o que ajuda produtores e artistas a se programarem, e sabemos que os bons projetos culturais, os mais estratégicos, só se concretizam se houver horizonte para quem produz. Os CCBB também desenvolvem um constante diálogo com pesquisadores e com universidades, contribuindo para fomentar o debate de ideias e novas linguagens estéticas.
Aberje – Você acredita que a empresa é um ator legítimo na ação cultural? Por que?
Giselle - Sim. Em um país continental como o Brasil, o governo e as empresas devem se unir para preservar a diversidade cultural e garantir melhores condições de trabalho aos artistas e produtores culturais.
Existe no Brasil uma renovação, um novo ciclo de responsabilidades se instaurando, o que exige uma atuação complementar e cooperativa entre todos. A idéia é que o desenvolvimento de políticas culturais por parte do governo melhore as condições de operação para o setor privado, como é o caso do BB, para que cada um, a seu modo, contribua para o desenvolvimento do ambiente cultural.
Fica a ressalva de que não é papel da empresa promover política cultural. Isso ficaria a cargo do Estado. Mas, atualmente, o valor destinado à cultura é menor que 1% do orçamento nacional. Por esse motivo, a ação cultural no Brasil deve ser pensada de forma integrada entre a iniciativa pública e privada (provedora de recursos), razão pela qual considero que a empresa é um ator legítimo desse processo.
A empresa, por exemplo, pode dar uma ótima contribuição ao viabilizar a vinda de exposições internacionais para o país, ao abrir espaço para produções artísticas de vanguarda, ao contribuir para o resgate da história e da cultura do país, ao zelar pelo acervo histórico nacional e outras contribuições que legitimam o seu papel.
Em resumo, a empresa tem um importante papel, que não substitui o do Estado, mas que pode somar. Além disso, a lógica empresarial que se guia por preceitos como planejamento, eficiência, cumprimento de prazos, qualidade e controle de resultados é também uma contribuição valorosa para o meio cultural.
Aberje - Quais foram os objetivos dos CCBB no contexto de sua criação?
Giselle - A atuação do Banco do Brasil na área da cultura – focada principalmente no patrocínio a projetos realizados nos CCBB localizados em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo e itinerâncias (que representam a democratização dos eventos e a inclusão das localidades no mapa da cultura), nas áreas de exposições, artes cênicas, cinema e vídeo, música, ideias e programa educativo – busca promover a multiplicidade cultural por meio da realização de projetos culturais e de arte-educação, preservar a memória do Banco do Brasil e atuar com responsabilidade socioambiental.
Desde 1989, com a criação do CCBB Rio de Janeiro, o Banco mantém uma atuação crescente e de grande visibilidade na cultura. Embora não promova necessariamente ações diretamente voltadas para a realização de negócios, proporciona instrumentos valiosos para atrair e fidelizar clientes, a partir do desenvolvimento de uma imagem diferenciada e positiva junto às comunidades em que a Empresa atua.
Aberje - Quais têm sido os desafios do CCBB ao longo desse tempo?
Giselle - Dialogando com a missão do Banco do Brasil de contribuir para o desenvolvimento do País, os CCBB geraram acesso às várias expressões de arte, por meio de entradas franqueadas, ingressos a preços populares e, ainda, pela forte atuação de seus Programas Educativos. A acessibilidade dos CCBB é refletida também em sua estrutura física, com prédios adaptados a pessoas com deficiência e terceira idade. Os CCBB têm recebido, ainda, diversos prêmios e reconhecimentos de críticos e entidades artísticas e empresariais em reconhecimento por seu trabalho.
Assim, e em complemento à resposta anterior, os grandes desafios dos CCBB ao longo desse tempo são os de concretizar, com excelência, os objetivos que nortearam a criação dos CCBB, notadamente de transmitir conteúdos relacionados à cultura e à formação do cidadão, provocar, nos públicos de relacionamento atuais e potenciais do Conglomerado, predisposição para relacionamentos duradouros com o BB e responder às demandas da sociedade na esfera da responsabilidade socioambiental.
Aberje - Como você avalia as atividades do CCBB até hoje e o que espera para os próximos anos?
Giselle - Quando o primeiro CCBB foi inaugurado, em 1989, já havia algumas empresas e instituições financeiras que investiam em cultura. No entanto, eram patrocínios isolados ou salas de exposições. O Banco do Brasil inovou quando criou um espaço multidisciplinar, com atrações regulares nas áreas de cinema, vídeo, artes plásticas, teatro, música, dança, idéias e programa educativo.
Inovou também quando tornou seus investimentos em cultura concentrados em torno de um projeto como o CCBB. Ou seja, não se trata apenas de patrocinar um espaço para cultura, mas de atuar de forma estratégica, direcionada a fomentar a multiplicidade e diversidade de linguagens artísticas, promover a formação de platéia, garantir uma programação de qualidade e acessível ao público.
Outra contribuição do CCBB foi ajudar a profissionalizar o mercado de arte. Os produtores culturais tiverem que elaborar projetos, orçamentos, cumprir prazos, buscar eventos de qualidade que passassem pelos padrões e critérios de qualidade do CCBB.
Para os próximos anos, esperamos que os CCBB continuem a oferecer uma programação variada e de qualidade, e a democratizar o acesso a produção cultural. Também é papel do CCBB refletir sobre as mudanças que a sociedade atravessa.
Estamos vivendo num ambiente onde as trocas de informações ocorrem em tempo real, o que traz conseqüências sobre a velocidade das mudanças nos hábitos sociais, nas formas de relacionamento, de organização do espaço urbano, na produção artística, no conhecimento etc. O CCBB pode contribuir para refletir sobre o sentido dessas mudanças, formando uma consciência crítica e participativa.
Aberje - Quais atribuições a senhora destacaria como as principais realizadas pelas empresas no que diz respeito às políticas públicas de cultura, suas formulações e aplicações?
Giselle - Primeiramente, cabe ao Estado o desafio de formular e implementar políticas públicas, reservando para si a estratégia cultural do país. O MINC planeja e implementa políticas públicas de longo prazo para a proteção e promoção da diversidade cultural brasileira.
No Brasil, a economia da cultura caracteriza-se pelo constante crescimento do mercado privado nos investimentos às produções culturais, resultantes das estratégias de marketing cultural das empresas. Há, assim, um importante papel do Estado em atrair a participação das empresas privadas no fomento à produção cultural do país através das leis de incentivo
Para a difusão artístico-cultural em prol da comunidade brasileira, tem sido de suma importância a união entre o setor público e privado, cada qual com a sua atribuição.
Esse processo de articulação deve ser continuadamente aprimorado de forma que a união entre Estado e capital privado prossiga, ampliando o acesso à cultura, que deve ser preservada e divulgada; e estimulando a criação por parte dos artistas.
Nesse sentido, dentre as principais atribuições realizadas pelas empresas, e mais especificamente pelo Banco do Brasil, no que diz respeito às políticas públicas, destaco:
- ampliar o acesso à cultura pela prática de eventos gratuitos ou a preços populares;
- ampliar a oferta de espetáculos culturais;
- descentralizar a ação cultural, levando as atividades culturais para a proximidade de onde as pessoas vivem, mesmo nos locais mais distantes dos grandes centros;
- incentivar e divulgar a diversidade artística e cultural brasileira;
- estimular a produção artística nacional e regional;
- promover a inclusão social por meio da arte.
< Voltar
Outras notícias recentes
12/05/2016 - Aberje recebe primeira indicação para o Prêmio Luiz Beltrão
11/05/2016 - Fernando Palacios: Storytelling é a melhor forma de personificar a marca em um personagem
09/05/2016 - Facebook é a rede social mais utilizada para buscar vagas de estágio, aponta pesquisa
09/05/2016 - Paulo Nassar é nomeado conselheiro da Fundação Padre Anchieta
05/05/2016 - Seminário discute o futuro do storytelling
O primeiro portal da Comunicação Empresarial Brasileira - Desde 1996
Sobre a Aberje |
Cursos |
Eventos |
Comitês |
Prêmio |
Associe-se |
Diretoria |
Fale conosco
Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ©1967 Todos os direitos reservados.
Rua Amália de Noronha, 151 - 6º andar - São Paulo/SP - (11) 5627-9090