Busca avançada                              |                                                        |                            linguagem PT EN                      |     cadastre-se  

Itaú

HOME >> ACERVO ON-LINE >> COLUNAS >> COLUNISTAS >> Maria Ignez Mantovani F.
COLUNAS


Maria Ignez Mantovani Franco


Graduada em Comunicação Social, com especialização em Museologia; cursou doutorado em História Social na Universidade de São Paulo. É doutora em Museologia, pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, de Lisboa, Portugal.

Diretora da empresa EXPOMUS – Exposições, Museus, Projetos Culturais, por ela criada em 1981, atuou em cerca de 250 projetos de exposições nacionais e internacionais de arte e cultura brasileira, na América Latina, Estados Unidos e Europa. No Brasil desenvolve, pela Expomus, projetos museológicos, socioeducacionais e ambientais, em colaboração com instituições e museus nacionais; além de realizar palestras e conferências de capacitação em museologia e gestão cultural.

Foi membro de diversos Conselhos de Museus brasileiros e participa de organismos nacionais e internacionais, tais como AAM - American Alliance of Museums e ICOM - International Council of Museums. Representou o ICOM Brasil no Conselho Nacional de Política Cultural (2008-2009) e no Conselho Consultivo do Patrimônio Museológico do Instituto Brasileiro de Museus/MinC (2009-2010). Entre outras atribuições, é vice-presidente e representante para a América Latina do CAMOC – Comitê Internacional de Museus de Cidade do ICOM, foi diretora (2006-2011) e é a atual presidente do Conselho de Administração do ICOM Brasil (2012-2015).

Bienalize-se!

              Publicado em 26/10/2010

Parece um grito de guerra, mas é mais do que isto, é um apelo a se deixar levar, a se envolver com a arte, a se deixar tomar por ela.

Este slogan criado pela Agência Africa diz tudo sobre a 29a Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Tempo de ressurgir, de se renovar, de se entregar à sociedade, de se internacionalizar definitivamente, de assumir a cumplicidade com novos valores, de conquistar a liderança da arte contemporânea brasileira e de lançá-la definitivamente aos quatro cantos do mundo. Tempo de ver e ouvir o que se faz lá fora, de mesclar experiências, de evidenciar que os artistas são transterritorializados e que estão em todas as partes, de se convencer de que a arte emula a vida, e de se transformar em um território experimental por excelência.

Temos enfim, novamente, uma Bienal em ritmo, clima e atmosfera de Bienal. Valeu!

Herdeira das mais legítimas tradições modernistas, a Bienal de São Paulo foi criada nos idos dos anos 1950, por Ciccillo Matarazzo, num momento em que São Paulo buscava se modernizar, internacionalizar-se, seguindo o modelo americano instituído pelo MOMA, de Nova York. A participação ativa das elites do pós-guerra buscava a construção de um modelo de instituição cultural independente do Estado, movida a recursos advindos do mecenato cultural.

Ao longo de seis décadas, em edições bienais, uma bela história da arte brasileira e internacional circunscreveu-se ao mais emblemático dos pavilhões do Ibirapuera: barreiras estéticas foram rompidas, celeumas políticas foram enfrentadas, caminhos inovadores foram buscados, discursos curatoriais foram enunciados, o acesso à arte foi expandido – enfim, a Bienal de São Paulo sempre ali esteve latente, presente, polêmica.

No entanto, as instituições culturais refletem de forma emblemática não apenas as intenções de seus fundadores, ou a ousadia de seus curadores, mas também acabam por oscilar de acordo com a inconsistência dos sucessivos colegiados que as dirigem. As mais bem arquitetadas curadorias mal conseguiram disfarçar a insolvência institucional que acometeu a Fundação Bienal de São Paulo nos últimos anos. Não por acaso, realizar uma bienal tornou-se um esforço, uma obrigação, para manter a tradição; tudo exatamente ao avesso do que deveria ser, ou seja, antes de mais nada, a Bienal deve estar ligada ao prazer de suscitar a inovação.

Bastou uma virada institucional – marcada pelo apetite e coragem dos que querem reconstruir – para afastar o gosto amargo de continuísmo e de insucesso que marcaram as últimas edições da mostra. Novas lideranças, novos desafios, novos profissionais, novos métodos, novas crenças. Assim foi possível reerguer a Bienal, num esforço conjunto, compartilhado, que envolveu apuro e determinação.

A recente edição aboliu o amadorismo e acreditou no profissionalismo. Atraiu investidores com contrapartidas verdadeiras, ou seja, o nome da empresa foi aliado a uma instituição de prestígio, liderança, inovação e representatividade. Acreditou no poder da arte para educar e promover a inclusão. Optou por um tema polêmico, mostrando que arte e política são condimentos indissociáveis e essenciais à democracia. Acenou de forma clara que a instituição tem apetite para liderar a arte contemporânea brasileira e assegurar sua transposição ao cenário internacional.

Cumpre, portanto, a todos nós brasileiros, trabalharmos para que a Bienal de São Paulo brilhe no cenário internacional, ombreando-se com a Documenta de Kassel, com a Bienal de Veneza e com as demais manifestações artísticas internacionais. Enfim, já é hora de acreditar que à Bienal cabe uma dimensão efetivamente pública e cidadã, que se alinhe ao que de mais moderno nosso país possa representar no cenário internacional contemporâneo.

Conseguimos dar o salto de qualidade, de inovação, de pertencimento, de ousadia. A 29a edição da Bienal de São Paulo, como seu próprio tema indica, nos mostra que há sempre um copo de mar para um homem navegar1.


1  Título dado à exposição da 29ª Bienal de São Paulo – “Há sempre um copo de mar para um homem navegar” – verso do poeta Jorge de Lima, de sua obra maior, Invenção de Orfeu.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 939

O primeiro portal da Comunicação Empresarial Brasileira - Desde 1996

Sobre a Aberje   |   Cursos   |   Eventos   |   Comitês   |   Prêmio   |   Associe-se    |   Diretoria   |    Fale conosco

Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ©1967 Todos os direitos reservados.
Rua Amália de Noronha, 151 - 6º andar - São Paulo/SP - (11) 5627-9090