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COLUNAS


Carlos Henrique Ramos


Gestor de comunicação da CPFL Energia, responsável pelas estratégias do relacionamento com a mídia, comunicação interna e núcleo digital. Jornalista com pós-graduação em comunicação corporativa e MBA em marketing. Atuou em diversos veículos e nas principais agências de comunicação do País.

 

Inovação e criatividade nas áreas de comunicação

              Publicado em 17/06/2013
Gary Hamel, tido como o mais influente pensador de negócios da atualidade, afirmou que a mudança deve ser uma forma de vida para todas as empresas. Para o badalado guru da administração moderna, é a inovação na gestão que mais facilmente cria vantagens de longo prazo. Diz ele: “a solução é inverter a situação, criando uma capacidade de inovação estratégica que permita descobrir novas oportunidades”.
 
Enquanto Hamel propõe um ambiente mais oxigenado como premissa básica para se conseguir a inovação, o conceito de liderança também sofre questionamentos onde quer que se olhe. Sobre o tema, o que não falta é definição e gente tentando diagnosticá-la. A matéria de capa da edição de março, da Revista Época Negócios, por exemplo, se propôs a discutir o assunto.  Nela, defendeu a tese de que os líderes têm muito menos poder do que parece e entregam bem menos do que se espera deles. E, por fim, concluiu: está na hora de parar de pensar em liderança e investir mais na autonomia.
 
Uma imersão nesse renovado mundo do trabalho cria perspectivas e novos paradigmas. Enquanto os estudos mais recentes tentam estabelecer as conexões entre líderes e alta performance, os gestores vão fazendo a transformação com a roda girando. Soma-se a isso a crescente pressão por resultados, metas mais desafiadoras, orçamentos menores e quadros mais enxutos. Sem falar, ainda, na necessidade de cuidar das pessoas, administrar o clima organizacional, ser inovador, criativo.... E feliz!!!. Enfim, ser executivo hoje em dia não é fácil.
 
E o que nós, comunicadores, temos a ver com isso?  A resposta é prosaica: tudo. O caráter estratégico das áreas de comunicação avançou nos últimos tempos. Talvez ainda não estejamos completamente inseridos no ‘core business’ na maioria das organizações, mas é fato que ganhamos importância, ao desempenhar o papel relevante de apontar tendências, identificar mudanças, criar e gerir relacionamentos, e colaborar na construção de posicionamento para públicos adequados, dentre outras atividades.Espera-se muito da gente a todo instante. 
 
Se é verdade que a inovação e a criatividade é que movem as empresas, como os comunicadores podem contribuir nesse  processo? Aqui e ali, as fórmulas começam a ser testadas. Mas, acredito em um ponto de partida: está em xeque o atual modelo de gestão. Verdade ou não, discute-se se o excesso de supervisão sufoca a inovação e a criatividade. Chegou o momento de refletir sobre a divisão rígida do trabalho, a escala hierárquica de autoridade, e o controle. Questiona-se, assim, o modelo fordista de produção, ou seja: o atual modelo de gestão favorece e está dando conta do que se exige da gente?
 
Nesse ‘admirável mundo novo’, as velhas estruturas subvertem toda e qualquer lógica, e são direcionadas para outros valores, orientados pela sociedade do conhecimento, baseados em articulação de redes globais, informação e comunicação. É bem possível que as oportunidades de vida no ambiente atual não mais dependem de posições ocupadas pelos profissionais no modo de produção industrial. Nessa direção, o céu é o limite para propor as mudanças necessárias.  A começar pelo rompimento com a rígida especialização das tarefas, a valorização do trabalho idealizador, e a criação de equipes pequenas de curta duração e auto gerenciadas. Podemos acrescentar muitas outras iniciativas a essa lista. 
 
Escrito assim, parece que tudo se resolve em um toque mágico. Longe disso, pelo contrário. Seja como for, Gary Hamel assegura que comando/controle estão com os dias contatos. As empresas, mesmo que timidamente, começam a olhar para isso. Na CPFL Energia, o Programa de Transformação envolveu toda a liderança e trata do assunto com coragem e transparência. Nele, discute-se o aumento da autonomia individual, com a delegação de poder para baixo e para os lados, tendo a responsabilização como a contrapartida deste ‘admirável mundo novo’. É por meio desse círculo virtuoso, com o redimensionamento do modelo de gestão, que começa a formação de um novo profissional. Mas este é um assunto a ser tratado em outro momento. 
 
A busca desse diferenciado modelo de gestão é um possibilitador para otimizar as  formas e oportunidades de aprendizado. As empresas que querem se renovar precisam facilitar a reinvenção das pessoas.  Isso tudo não significa, porém, abolir o papel da liderança/supervisão/gerência. Os desafios são monstruosos, pois precisamos encontrar o equilíbrio entre os descompassos da retórica e realidade. O objetivo é gerar, no fim de tudo, um ambiente colaborativo e criativo, onde os profissionais atuem e se percebam como agentes da transformação.

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