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Ricardo Dorés
ricardo@salesresults.com.br

Com formação acadêmica em Direito e especialização em Marketing, ocupou no mercado as posições de Diretor de Unidades de Negócios, Gerente de Unidade de Negócio, Gerente Nacional de Vendas, Gerente de Desenvolvimento de Mercado, Gerente de Treinamento de Vendas, Supervisor de Vendas, em empresas multinacionais e nacionais de grande porte, tais como: 3M, Pfizer, Glaxo, IMB, Itaú Seguros, dentre outras. É, há 10 anos, consultor empresarial e palestrante.

Crítica Literária: Um filtro para o conhecimento

              Publicado em 10/06/2013

O mercado editorial brasileiro cresceu 7,36% em 2011, somando R$ 4,84 bilhões conforme pesquisa da Fipe, encomendada pela Câmara Brasileira de Livros e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. O número de títulos editados aumentou 6,28%, totalizando 58.192, e o total de exemplares vendidos e produzidos foi 7,2% e 1,47% maior, respectivamente. O preço médio dos livros comercializados no País caiu 6,11% em 2011. Os fatores práticos demonstram o inegável crescimento do interesse por literatura no Brasil. Um avanço que segue apontando para cima, nas previsões futuras. Ao mesmo tempo em que aumenta seu interesse, o leitor também quer aprimorar a qualidade do que lê, e se depara com obras mais profundas e complexas. E quais os caminhos para escolher entre um clássico e uma releitura de uma obra antiga? O leitor sabe o que ler? A Crítica Literária ainda impacta esta decisão?

 
É sabida a influência das sugestões nos grupos de discussão na internet ou em redes sociais, sejam de amigos ou desconhecidos. O histórico de um autor e a repercussão de sua obra anterior também são critérios muito importantes para esta decisão. Mas nenhum destes indicadores leva o leitor a ter uma percepção mais apurada do conteúdo da obra. Tal qual a prática da leitura em si, que requer tempo, dedicação e um mergulho na história escrita, não é possível compreender o quilate de cada título, somente com a opinião instantânea no meio virtual ou no boca a boca social. É necessário obter opiniões densas e embasadas. Em recente entrevista, o escritor Mário Vargas Llosa destaca que a Crítica, incluindo a Literária, distingue o essencial do secundário.
 
Presente na vida humana desde a Grécia Antiga, o Crítico Literário era chamado de criticus, com o significado de crítico ou de censor de obras escritas, conforme usado pelo filósofo Cícero na obra Cartas Familiares. A Crítica Literária empresta seu conhecimento para depurar os textos e traduzir para o leitor as intenções de uma obra, conduzindo-o a uma ou outra publicação, conforme seu interesse. O crítico literário é, ao mesmo tempo, um leitor e intérprete das metáforas e alegorias da vida; um contemplador dos mitos, lendas, símbolos, arquétipos e investigador de seus significados; um observador atento da sociedade e um estudante da psique humana.
 
Para grande parte dos intelectuais que estudam esta área do conhecimento, todo e qualquer gênero textual e todos os suportes de comunicação e expressão devem ser objeto de reflexão, com vistas a esmiuçar o conhecimento inserido no material. E esta função é bem cumprida pelo Crítico Literário, que analisa o argumento (enredo), o contexto, o discurso, as ideologias, as ferramentas retóricas utilizadas, o efeito proposto, o efeito obtido, a importância política, a forma, o conteúdo; o valor sócio-cultural, filosófico, pedagógico, histórico, além do valor estético.
 
A opinião de um Crítico Literário tem a capacidade de alavancar uma obra. Recentemente, o estreante Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira, de Arceburgo, município de nove mil habitantes no sul de Minas, autor de "As Visitas que Hoje Estamos" se tornou a nova sensação da literatura nacional. Sua obra foi citada pelo professor de teoria literária da PUC, Luiz Costa Lima, que publicou uma resenha elogiosa sobre o livro num jornal de circulação nacional, em janeiro. Desde então, o trabalho de Ferreira atraiu a atenção e recebeu palavras de louvor de críticos e artistas. O escritor, poeta e crítico literário Paulo Leminski, falecido em 1989, é o mais novo sucesso literário do ano, com o título “Toda Poesia”. Dele, a Crítica Literária dizia que ficava à vontade entre o erudito e popular. E ainda que dividisse opiniões, foi descoberto e definido por Haroldo de Campos como um autor de poesia lírica rigorosamente construída e amalgamada com a canção trovadoresca. Este ressurgimento do poeta curitibano está sendo comemorado, já que está se trazendo de volta ao cenário a poesia contemporânea brasileira, tão ignorada pelas superficialidades de best-sellers. Mas para chegarmos a alguma compreensão da obra de Leminski, a Crítica tem se esforçado em “traduzi-la”. 
 
A composição de nuances de um texto literário que o crítico descreve mostra o quanto ele, ao mesmo tempo, disseca a obra e amplia as fronteiras literárias e a capacidade crítica ao leitor. A Crítica Literária, embora, por ironia, seja muito criticada por muitas vezes elaborar seu raciocínio de uma forma facetada, é um elemento que também abre caminhos do entendimento e para o saber mais amplo e refinado. É uma prática que acrescenta conhecimento, estimula o pensamento e promove o ser humano.

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