Comunicar é a solução
Não há nada mais fora de propósito, pouco inteligente e prejudicial para vida de qualquer organização que pretende ser sustentável e duradoura do que seguir à risca o pragmatismo exacerbado dos “executivos de resultados”, e seus seguidores, para enfrentar os momentos de crise econômica como os atuais. Se a afirmação foi válida no passado, é mais do que atual no presente. Isso porque a crise econômica de proporções mundiais que coloca em xeque o capitalismo fundado na especulação financeira surpreendeu o mundo no seu mais profundo processo de mudanças sociais, políticas, comportamentais, econômicas e, sobretudo, cientificas, ambientais e tecnológicas. A tal sociedade da informação e do conhecimento.
E o que propõem os tais executivos de resultados? Corta! Corta! Corta! Apregoam os pragmáticos “salvadores da pátria” brandindo o carcomido receituário da redução de custos e despesas a qualquer custo. E dá-lhe demissões em massa de trabalhadores, draconianos programas de renegociação de contratos com fornecedores e demais parceiros e o completo abandono dos planos de inovações tecnológicas, de capacitação e gestão de pessoas e, é claro de comunicação interna e externa.
Aliás, no mais das vezes, o corte na carne começa invariavelmente na área da comunicação. Indo mais ao detalhe, na comunicação interna. Não vai aqui nenhum protesto corporativista. É só uma triste constatação de quem tem uma vida de convivência com o assunto. E que já constatou, também, que, no frigir dos ovos, passada a tsunami os idiotas do corta, corta! (parafraseando Nelson Rodrigues) vão-se embora, não se sabe para onde, com os bolsos cheios de grana. E deixam para trás uma herança terrível: quando não apressam a falência ou a venda precipitada da empresa ou de alguns de seus ativos mais importantes, entregam-na bem menor, mais vulnerável e incompetente.
Isso porque ainda se está sendo generoso. Porque, nos tempos de concorrência global, inovações rápidas, informações em tempo real, um minuto de bobeira pode ser fatal. E para enfrentar com sucesso esses desafios, fundamental é ter recursos humanos competentes, preparados, bem informados e engajados com os objetivos estratégicos da companhia. O que não quer dizer que redução de custos e despesas não seja assunto estratégico em qualquer situação.
Porém, nas empresas que primam pela excelência de gestão a importância da redução de custos e despesas é tão forte da cultura dos empregados quanto o cortar as unhas sistematicamente para a sua higiene pessoal. É estratégico, faz parte dos valores da empresa. Que, em si, é uma abstração. Para que uma empresa seja uma comunidade de trabalho, ela tem de tornar comum, em primeiro lugar, os seus sistemas de Comunicação.
Uma empresa é gente, acima de tudo. Ela terá um ambiente humano e efetivo na medida em que atinja a sua integração. “Que depende dramaticamente de seus sistemas de Comunicação,” como ensina Witaker Penteado.
Ele vai mais além: Os sistemas devem ser traduzidos em processos de comunicações fáceis, amplamente abertas nos dois sentidos – ascendente e descendente. Sistemas de Comunicação horizontalizados ao máximo, tanto quanto possível são, na prática, a única maneira de se chegar a uma integração humana, condição básica para que funcione uma comunidade de trabalho.
Isso porque, Para executar suas tarefas com êxito as pessoas precisam, além das habilidades específicas, estar bem informadas, motivadas e engajadas com a estratégia, a visão e os valores da empresa. Têm, ainda, de estar constantemente atentas para o desenvolvimento das competências necessárias para assumirem os desafios das constantes mudanças a que as empresas estão sujeitas. Da mesma forma que um time de futebol que quer ser campeão necessita da união, engajamento, competência e criatividade de todos os jogadores, técnico, médicos, enfermeiros e massagistas, no mínimo.
Para atingir sucesso nessa empreitada é preciso entender que organizar pessoas significa principalmente organizar o processo de comunicação entre todos aqueles que a integram DIRETA OU INDIRETAMENTE. Isso é investimento e não custos. Tampouco despesas, como querem os idiotas do pragmatismo financeiro. Por essa razão as empresas e organizações mais estruturadas têm políticas estratégicas de relacionamento com cada um de seus públicos de interesse: empregados, fornecedores, investidores, clientes, comunidades que as cercam. São políticas que têm suas características e administrações próprias de acordo com cada público, mas que devem estar alinhadas e compromissadas com o fortalecimento da Imagem e Reputação da companhia. Para as organizações que adotam essas estratégias de gestão, crises são, realmente, oportunidade de crescimento. Porque enfrentadas com competência e criatividade. E comunicação competente.
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