O tempo como norteador da memória
“Meus pais, Hildegard e Arno Simon, judeus alemães, foram requisitados para trabalhos forçados em Berlim a partir de setembro de 1939, lá permanecendo até janeiro de 1943.Minha mãe trabalhava em turno de 12 horas na empresa de baterias para armamentos Pertrix, que fazia parte do conglomerado da família Quandt, que hoje inclui a afamada marca alemã BMW.Meu pai trabalhou na fábrica de fios Spinnstoffabrik Zehlendorf e por pouco não ficou cego por causa dos vapores letais que os gases utilizados na linha de produção emanavam. Aos judeus era proibida a ingestão de leite, que diminuiria os efeitos nocivos que esses gases causavam também à respiração A violência com que eram tratados era conhecida por todos.Os judeus e demais prisioneiros dos campos de concentração que lá faziam trabalho escravo eram requisitados por todas as empresas alemãs.Com trabalho diário de meu pai, também de 12 horas, muitas vezes o casal não se via por meses, assim como ocorria com tantos outros, um trabalhando durante o dia e o outro à noite, num desencontro criado propositalmente, para que não se espalhassem as notícias sobre a deportação...”
Com igual intenção, os países latino-americanos, e entre eles o Brasil, têm conduzido pesquisas surpreendentes sobre os seus distintos períodos históricos sob regimes de exceção, constituindo instituições dedicadas à memória das vítimas e à elucidação de tais fatos e movimentos, favorecendo o entendimento das novas gerações sobre os diferentes contextos históricos e políticos de seu próprio país. Caberá às empresas eventualmente envolvidas nesses processos de revisão histórica reconhecerem suas fragilidades do passado e enfrentarem o presente com uma nova conduta transparente e cidadã.
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