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COLUNAS


Maria Ignez Mantovani Franco


Graduada em Comunicação Social, com especialização em Museologia; cursou doutorado em História Social na Universidade de São Paulo. É doutora em Museologia, pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, de Lisboa, Portugal.

Diretora da empresa EXPOMUS – Exposições, Museus, Projetos Culturais, por ela criada em 1981, atuou em cerca de 250 projetos de exposições nacionais e internacionais de arte e cultura brasileira, na América Latina, Estados Unidos e Europa. No Brasil desenvolve, pela Expomus, projetos museológicos, socioeducacionais e ambientais, em colaboração com instituições e museus nacionais; além de realizar palestras e conferências de capacitação em museologia e gestão cultural.

Foi membro de diversos Conselhos de Museus brasileiros e participa de organismos nacionais e internacionais, tais como AAM - American Alliance of Museums e ICOM - International Council of Museums. Representou o ICOM Brasil no Conselho Nacional de Política Cultural (2008-2009) e no Conselho Consultivo do Patrimônio Museológico do Instituto Brasileiro de Museus/MinC (2009-2010). Entre outras atribuições, é vice-presidente e representante para a América Latina do CAMOC – Comitê Internacional de Museus de Cidade do ICOM, foi diretora (2006-2011) e é a atual presidente do Conselho de Administração do ICOM Brasil (2012-2015).

Parque Ibirapuera - 60 anos de convívio com São Paulo.

              Publicado em 27/08/2014

Neste ano, o Parque Ibirapuera e eu chegamos aos 60! Não poderia me sentir em melhor companhia para atravessar essa virada de década.

Em 1954, a cidade comemorava os seus 400 anos. Um avião sobrevoou São Paulo, dispersando pequenos triângulos metalizados – era uma chuva de prata caindo do céu, uma das cenas mais inesquecíveis que a cidade de São Paulo já vivenciou. Depois, em 21 de agosto, ainda como parte das celebrações do 4o Centenário, os paulistanos ganhariam um outro presente, que passaria a fazer parte da vida daqueles que aqui vivem ou que por aqui passam: um espaço cultural, ambiental e social, que se transformou num dos símbolos da cidade, cantado em prosa e verso, e relembrado em todos os momentos simbólicos da metrópole.

Ninguém poderia imaginar, na década de 1950, o quanto São Paulo necessitaria de um pulmão verde com 1.584 km2 de área, no coração da cidade, e que em 2014 teria 1,2 milhão de frequentadores por mês. O Parque Ibirapuera se tornou, portanto, um point permanente na cidade, foco de convívio contínuo entre diferentes culturas, faixas etárias, etnias, níveis socioeconômicos, religiões, etc.

Junto com o parque vieram os seus múltiplos papéis sociais, seus diferentes programas, suas lógicas, suas atividades, suas especificidades, suas distintas dimensões humanas, ambientais e culturais.

Ele acolheu a Fundação Bienal, que inscreveu São Paulo no circuito artístico internacional de maneira indelével; recebeu o Museu de Arte Moderna de São Paulo, que abriga o que há de mais inovador no cenário artístico contemporâneo; entregou o Pavilhão Lucas Nogueira Garcez à instalação do Museu Afro Brasil, instituição que quitou parte da dívida eterna da cidade com os afrodescendentes; e abriu a Oca à recepção de exposições internacionais de grande expressão. O parque ganhou também o Auditório Ibirapuera, que completou a equação cultural prevista por Niemeyer e dirige ao céu uma língua vermelha convidativa, que nos chama para os espetáculos de música, dança, teatro, cursos, eventos – e onde a música é bem-vinda dentro e fora, pelo avesso e pelo direito, na forma popular ou erudita, não privilegiando ninguém, a não ser os que por ali passam, param e se deliciam com os sons, com os ritmos e com o frisson dos pássaros ou das folhas revolvidas pelo vento.

Mas o Parque Ibirapuera não é sempre um todo harmônico – ao contrário, é um espaço de ebulição, de culto às diferenças, de múltiplos contrastes. Por ser público, é um espaço aberto justamente a fomentar o exercício da cidadania. Não é possível a nenhuma instituição limitar ou impor regras a terceiros, ao público, aos funcionários. Só são válidas as regras básicas de mútua convivência. Uma força maior de governança é testada no dia a dia e repercute de forma positiva na relação entre instituições, servidores, fornecedores, frequentadores. Há ali um clima zen, um ar de liberdade, de respeito, de direito ao verde, à cultura e à cidadania. É um parque que acolhe o cidadão desde a infância, passando pelos desafios da adolescência, da maturidade, até a terceira idade. Há lugares, programas e atividades de interesse para todos!

É o parque mais badalado de São Paulo e frequentado por pessoas das mais distintas regiões da cidade. Ali encontramos moradores da vizinhança, assim como de Guaianazes, Cidade Tiradentes, Vila Prudente, Mooca e de outros bairros longínquos. Todos se sentem paulistanos ao pisar no Ibirapuera! É passagem obrigatória dos brasileiros de outros Estados que visitam nossa cidade, assim como dos estrangeiros que ali aportam para conhecer o modo de vida dos paulistanos.

Esse parque já viu, viveu e acolheu de tudo! De Ray Charles a orquestras sinfônicas de diferentes partes do mundo; de Gilberto Gil, Caetano Veloso ou Rita Lee, passando pelos nossos mais renomados rappers; das exposições mais incríveis que São Paulo já recebeu, aos artistas de vanguarda que a Bienal expôs ao grande público.

Enfim, o Parque Ibirapuera tem skatistas, artistas, ornitólogos, ambientalistas, músicos, atletas, educadores, personal trainers, dançarinos, ciclistas, performers, vendedores, seguranças, ativistas, ambulantes, pipoqueiros, flanelinhas, taxistas, jardineiros, e mais um sem fim de pessoas e profissionais que têm ali o seu espaço de lazer ou de trabalho. Os grupos e clubes de caminhada, de corrida, de ciclismo, de jogos sem fim, de meditação, de ioga, de tai chi chuan, de ginástica, de dança, de relaxamento, de escotismo, de paisagismo, enfim, de tudo o que se pode exercitar num parque, evidenciam que o Ibirapuera é um território de experiências pessoais e coletivas, é um pedaço de São Paulo vocacionado a diferentes encontros e trocas.

Morcegos, gambás, cobras d’água, peixes, papagaios e um festival de aves... uma infinidade de animais vivem no Ibirapuera, trazendo momentos de surpresa e alento aos frequentadores.

Respire fundo, solte a imaginação e tente relembrar quantos bons momentos você já viveu por lá! Agora abra os olhos e pense como você poderá ajudar a preservar o nosso “Ibira” para as futuras gerações. Ele merece! E os paulistanos também.

Esse espaço multifacetado é quase que uma síntese da cidade, com pontes entre o passado, o presente e um futuro calcado na diversidade e convívio harmonioso, entre homens, natureza, espaço e tempo.

Corra, relaxe, respire, sinta! Você está no Ibirapuera! Ele também é seu.


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