Muito se fala, mas pouco se conhece da realidade do terceiro setor, fora das organizações não governamentais que o compõem e dos milhões de brasileiros que beneficia. Embora mereçam críticas aquelas instituições que não cumprem os objetivos sociais com que foram constituídas e, consequentemente, não praticam o que a Constituição Federal em seu artigo 203 e vários incisos, é imperioso reconhecer que a maioria das entidades filantrópicas atua nos espaços sociais onde as ações do governo e da iniciativa privada estão ausentes ou são insuficientes para minorar as grandes carências sociais.
As entidades filantrópicas adotam diversificados modelos de gestão. Com a evolução do setor, vem se consolidando, entre as mais modernas e eficientes, a tendência de opção pela governança corporativa, sistema em que um conselho de administração voluntário define as estratégias a serem seguidas pela estrutura operacional. Esta, por sua vez, é integrada por profissionais capacitados – condição para assegurar a regularidade e a qualidade dos serviços que prestam, além de ampliar cada vez mais a quantidade dos atendimentos que realizam, quase sempre respondendo a demandas que só crescem num país de tantas desigualdades, como o Brasil.
A constante avaliação dos resultados e das metas é outro ponto que caracteriza a governança corporativa. Bom exemplo da eficácia desse modelo de gestão é o balanço de atividades do CIEE neste momento em que se inicia o novo mandato trienal do seu conselho de administração, que assume com o compromisso de manter o caráter filantrópico e de assistência social da entidade. Pinçando alguns números dos serviços gratuitos realizados nos seus 48 anos de atuação, constata-se que o CIEE encaminhou para estágio 11 milhões de estudantes (com taxa de efetivação de 64%) e capacitou 100 mil aprendizes. Somente no último triênio, registrou 1,2 milhão de matrículas em seus 35 cursos de educação à distância; preparou 25 mil jovens em seus laboratórios de informática; alfabetizou e ministrou cursos de suplência para 1,5 mil adultos; ofereceu seminários, palestras, oficinas e workshops para mais de 300 mil jovens, entre outras atividades.
Essa amplitude busca tanto atenuar as reconhecidas deficiências do ensino brasileiro que prejudicam o acesso ao mercado de trabalho quanto formar cidadãos aptos a conquistar, com seu trabalho, melhores condições de vida e contribuir com eficiência para o desenvolvimento nacional.