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COLUNAS


Ruy Martins Altenfelder Silva


Presidente da Academia Paulista de Letras Jurídicas – titular da cadeira nº 52; do Conselho Superior de Estudos Avançados da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo; da Fundação Nuce e Miguel Reale. Presidente Emérito do Centro de Integração Empresa Escola – CIEE São Paulo e do Conselho Diretor do CIEE Nacional.

Vice-Presidente do CIESP – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo; do Conselho Superior de Direito da Federação do Comércio do Estado de São Paulo; da Academia Paulista de História (titular da cadeira nº 01); Vice-Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; da Academia Cristã de Letras (titular da cadeira nº 06).

Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – CDES da Presidência da República; Membro do Conselho Superior de Assuntos Jurídicos e Legislativos – CONJUR da FIESP; Conselheiro do Instituto Roberto Simonsen e do Conselho Consultivo da Aberje; do Conselho Curador da Fundação Memorial da América Latina; do Conselho Curador da Fundação Universidade Virtual do Estado de São Paulo – UNIVESP; da Comissão de Direitos Humanos da USP.

Integra o Conselho de Administração da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô. Conselheiro da Fundação Péter Murányi. Membro do Conselho Político e Social da Associação Comercial de São Paulo; Membro do Grupo de Acompanhamento da Conjuntura Internacional (GACINT-USP) e Membro do Conselho de Interunidade de História da Ciência – USP; Associado Fundador da União dos Juristas Católicos de São Paulo – UJUCASP; Sócio Remido do Instituto dos Advogados de São Paulo e da Associação dos Advogados de São Paulo. É Curador dos Prêmios da Fundação Bunge.

Autor dos livros “Cenários de Esperança”, “O Pressuposto da Ética”, “Repensando o Brasil: Ética para todos”; “Diálogo Nacional: Repensando o Brasil”, “Novo Nome da Paz” e “Saúde, educação e família”. Colabora com os principais jornais brasileiros e revistas especializadas em assuntos jurídicos, políticos e sociais.

Foi Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo, na gestão do Governador Geraldo Alckmin (2002/2003). Foi homenageado com a Medalha João Ribeiro da Academia Brasileira de Letras – ABL (2010) e distinguido com a láurea Personalidade do Ano em Comunicação Empresarial 2010 pela Aberje.

Comanda o programa de TV DIÁLOGO NACIONAL (www.dialogonacional.com.br), exibido semanalmente desde 1998 e transmitido através das operadoras NET E TVA para São Paulo, Santos, Belo Horizonte e pela internet.

Um mágico do traço

              Publicado em 07/02/2013

 

Artigo publicado no jornal Correio Braziliense 
Brasília, 13 de janeiro de 2013 (página 15)
 
Um mágico do traço, assim um dos arquitetos mais conceituados da atualidade, o britânico Norman Forstan descreveu Oscar Niemeyer. Conheci Oscar Niemeyer numa tarde de agosto de 1985, em sua casa no Rio de Janeiro, quando fui comunicar-lhe que o Grande Júri do Prêmio Moinho Santista (atual Fundação Bunge) decidira outorga-lhe a láurea do ano, por sua contribuição em benefício da arquitetura brasileira. Fui recebido com toda simpatia e, emocionado Oscar Niemeyer pediu-me detalhes sobre a fundação e os objetivos da premiação. 
 
Informei que a Instituição fora constituída em 1955 com o objetivo de incentivar o desenvolvimento das Ciências, Letras e Artes e que não havia inscrições para o Prêmio e sim indicações por parte das Universidades e Instituições ligadas à área da premiação, levando em conta a vida e a obra do indicado. Após ouvir-me, com muita humildade comprometeu-se a participar da solenidade de premiação que se realizou no mês de setembro no Palácio dos Bandeirantes. Fez-me uma única ressalva: não viajaria para São Paulo de avião. Viria com o seu automóvel, pois não gostava das viagens aéreas.

Não é possível enumerar todas as obras de Oscar Niemeyer e, em 1985, quando da entrega do Prêmio, foram destacados alguns dos significativos projetos realizados por ele. O primeiro foi o antigo Cassino, hoje Museu de Arte, o Iate Clube, o Pavilhão de Danças e a famosa Igreja de São Francisco de Assis da Pampulha – Belo Horizonte; seguido por numerosas construções de prédios em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. A tarefa de maior projeção e que deu a ele maior fama, foram as suas realizações na construção da nova capital do país, Brasília, entre 1956 a 1965. Foram estas obras que deram para o seu autor, a possibilidade de demonstrar a sua singular capacidade artística e criativa. Para Oscar Niemeyer a nova arquitetura, com seus meios, tem de ir além de um funcionalismo técnico ortodoxo, mas procurar expressões plásticas. No dia da Premiação Oscar Niemeyer compareceu ao Palácio dos Bandeirantes sorridente e em trajes de gala. Foi aplaudido de pé pelo auditório que lotava as suas dependências. O seu pronunciamento é histórico e merece ser resgatado: 
 
“Com satisfação – disse o Mestre – recebo o Prêmio que a Fundação Moinho Santista institui todos os anos para os valores culturais e artísticos do nosso país. E sem querer, como a tentar justificá-lo, volto-me para trás, para esse longo período de trabalho em que exerci minhas funções de arquiteto. Pampulha, o meu primeiro projeto; o encontro com JK; minhas reações naturais contra o funcionalismo que pontificava. Depois, Brasília; a terra vazia, a poeira a nos entrar na pele, o silêncio, o pesado silêncio do planalto a nos envolver naquele fim do mundo. Depois, ainda, minhas andanças pelo exterior e minha arquitetura aceita e louvada na França, Itália, Argélia etc.

Mas se esse último período, pela qualidade da sua arquitetura, foi o mais importante para mim, Brasília, representa sem dúvida minha tarefa principal de arquiteto. A mais humana. Um longo período de alegrias e tristezas, de entusiasmos e desencantos. Recordo comovido, lá pelos anos 57, ainda vazia, agreste, sem um caminho, uma árvore sequer. Lembro, então, seus primeiros tempos, a cidade a surgir pouco a pouco, as ruas se delineando, os canteiros de serviço a se espalharem por onde só existia mistério e solidão. É claro que havia desconforto, que à noite uma angústia imensa nos invadia, mas o trabalho tudo superava com seus cronogramas de ferro. Incomodavam-nos apenas as campanhas contra a construção da Nova Capital, os obstáculos que cercavam JK, as mentiras de que o lugar fora mal escolhido, longe demais, etc.
A tudo isso JK resistia e juntos, como numa grande cruzada, só pensávamos na sua promessa: construir a Capital deste país. Que experiência extraordinária! Pouco a pouco, começaram a surgir seus edifícios e o Alvorada com suas brancas colunas de mármore foi o primeiro a ocupar espaço naquele velho sertão. Depois, surgiu o Brasília Palace Hotel; os blocos dos ministérios enfileirados como previa o Plano Piloto; o Congresso, o Planalto, o Supremo, a Praça dos Três Poderes com a bela escultura dos guerreiros de Bruno Giorgio”.
Oscar Niemeyer tinha convicções ideológicas, firmes e as sustentava com desassombro. No seu pronunciamento, afirmou:
“E os tempos passaram. Veio Jânio, Jango Goulart e em 1964 o golpe militar. A escuridão, a violência, o autoritarismo exacerbado. E os canteiros de serviço se esvaziaram e o entusiasmo e otimismo de JK se diluíram na burocracia e nos apelos do lucro e poder que desmerecem a vida brasileira. A Universidade de Brasília, que Darcy Ribeiro criara com o maior entusiasmo, foi invadida, dela me afastando, solidário, com duzentos professores”.

Com equilíbrio e coragem política denunciou que: “o meu escritório vasculhado duas vezes e eu outras tantas convocado à Polícia Política e ao Quartel do Exército. Meus trabalhos começaram então a ser recusados. Lugar de arquiteto comunista é em Moscou, dizia o Ministro da Aeronáutica. Não havia alternativa. E parti para o velho mundo com minhas mágoas e minha arquitetura”.
 
O Exílio o incentivou a dar continuidade ao seu trabalho como afirmou: “Os que pensavam me paralisar deram-me, sem querer, minha melhor oportunidade, e apoiado por André Malraux, De Caulle, Boumedienne e Giorgio Mondadori, realizei no exterior o que gostaria de ter realizado no meu país”. A Nova República deu a Oscar Niemeyer ânimo, como afirmou no final da sua fala: “Agora, com a Nova República, os horizontes começam a clarear, a censura foi afastada, a violência contida e denunciada, o autoritarismo superado nas decisões governamentais. Mas falta alguma coisa ainda. A igualdade social. Esse mundo melhor pelo qual sempre lutamos”.   

Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 5681

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