Ano 8 Nº 29 4º Trimestre de 1998 |
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O bom problema
A ABB abre canais de comunicação com os clientes e transforma reclamações em oportunidades de melhoria nos processos industriais. por Carlos Roberto Hohl (*) Quando, em julho de 1994, decidiu criar o "ABB Atende", o primeiro serviço de atendimento ao cliente em uma empresa do setor de bens de capital sob encomenda no Brasil, a ABB procurou resolver um problema e criar vários outros. A aparente contradição se explica. Somente nas unidades industriais de Osasco e Guarulhos, as duas da Grande São Paulo, a empresa recebia cerca de dez mil ligações por dia. Um estudo da época indicou que 15% dessas chamadas se perdiam pela companhia. Por quê? A ABB possui uma organização extremamente descentralizada. Cerca de 40 áreas de negócios da companhia têm as suas próprias estruturas de vendas, qualidade, controladoria e engenharia. Percy Barnevik, o então presidente mundial que comandou a fusão entre a Brown Boveri Company com a Asea, em 1988, acreditava que uma organização estruturada desse modo podia garantir proximidade com os clientes e facilitar a medição de resultados. A aposta foi correta. A ABB saltou de um volume de encomendas de 15 bilhões de dólares por ano para aproximadamente 36 bilhões de dólares em 1997. No entanto, essa estrutura descentralizada dificulta a entrada de solicitações dentro da empresa. Afinal, são mais de 40 áreas de vendas, de qualidade, de controladoria e engenharia em uma única companhia. As ligações perdidas, ou seja, sem um "dono" efetivamente
localizado na ABB, constituíam um verdadeiro drama. Basta imaginar que se apenas uma
chamada desse tipo por dia fosse de um cliente em potencial, a ABB estaria perdendo cerca
de 300 negócios por ano. Essa constatação serviu para demonstrar a extrema necessidade
de a empresa contar com uma central de atendimento. A central foi montada em 1994, de modo
que pudesse ser acionada externamente pelo telefone 0800-14-9111 e pelo e-mail <abb.atende@brabb.mail.abb.com>, ou
internamente através de uma linha direta (ramal 30) de qualquer uma das cinco unidades da
empresa. E qualquer funcionário que receba uma ligação que nada tenha a ver com o seu
negócio, deve passá-la imediatamente adiante.
Foram relacionados sete princípios para o PRRC. São eles: qualquer funcionário pode receber reclamações; todas devem ser reconhecidas perante o cliente; deve-se resolver perfeitamente todas as reclamações possíveis e jamais deixar de responder as demais; é necessário monitorar e acumular informações das ações de resolução; é necessário identificar e facilitar a implantação de melhorias; o feedback positivo do cliente deve ser a medida efetiva do resultado das melhorias; e todos os participantes do processo devem ser informados dos progressos. Por trás de tudo isso, o grande objetivo da companhia era um só: voltar a estrutura da ABB para o cliente. O PRRC direciona as ações da empresa às ansiedades dos clientes e os transforma no parâmetro para as decisões gerenciais e funcionais. Os dois principais pontos do PRRC são a captura de informações e a transformação de insatisfações em ações corretivas e preventivas, evitando a reincidência. No processo de implantação, o envolvimento dos gerentes e diretores foi imediato. Cada um se comprometeu a originar, inicialmente, três insatisfações de clientes. Em 1997, o número de insatisfações de clientes capturadas pelo PRRC cresceu 70%. Esse fenômeno foi resultado de um grande esforço da ABB para identificar e solucionar todos os problemas que envolvem a venda de seus produtos e serviços no mercado. E os resultados começaram a aparecer. Um bom exemplo é o que envolveu Arthur Bon, gerente da área de Produtos e Contratações da ABB. Enquanto resolvia uma insatisfação do cliente na Refinaria do Paraná (Repar), da Petrobras, Bon soube que um fornecimento de uma CPU da empresa estava com problemas e, imediatamente, fez o seu registro no PRRC. O coordenador de contratos da área de Sistemas Industriais, Antonio Vito Buono, visitou as instalações da refinaria e acionou a equipe de campo que colocou o equipamento em operação. A ABB tinha cerca de 1 milhão de reais bloqueados, que após os testes finais foram finalmente liberados. Durante a visita às instalações da Repar, o mesmo Buono percebeu que uma estação de operação, enviada para reparos, demorava para retornar. Outra manifestação no PRRC foi registrada e solucionada em 48 horas. Os fornecimentos do setor de bens de capital sob encomenda sempre precisam de algumas adaptações durante a entrega, e não se deve perder as oportunidades para melhorar a imagem junto ao cliente, como as ações realizadas pela ABB na Repar. Transformar esses exemplos em um regra constante é o permanente desafio do PRRC na ABB. Um programa de qualidade, orientado pelas melhorias contínuas no processo, somente tem validade do ponto de vista dos clientes. O "ABB Atende", acreditamos, vem demonstrando ser uma ferramenta segura nesta direção. (*) Carlos Roberto Hohl é diretor de marketing da ABB Brasil. |
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