Ano 8 Nº 26 1º Trimestre de 1998 |
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A Copesul conquista o Prêmio Nacional da Qualidade apoiada em
uma ousada estratégia de estímulo à confiança e delegação de responsabilidades. por Luiz Fernando Cirne Lima (*) Dois qualificativos pessoais, comuns a todos os colaboradores da Copesul, levaram a empresa a conquistar, em 1997, o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). Conceituado aferidor de sistemas de gestão e um dos mais importantes prêmios empresariais brasileiros, o PNQ é concedido pela Fundação Prêmio Nacional da Qualidade e se baseia em critérios de excelência pré-estabelecidos para escolher, a partir de rigorosa apuração, a empresa que melhor aplica os conceitos da qualidade total a seus processos de produção, vendas, comunicação e meio ambiente e outros. O que os colaboradores da Copesul têm em comum que contribua tão fortemente para o seu bom desempenho? Eles têm dedicação e responsabilidade. Parece pouco, mas é muito quando se trata de uma empresa que deposita total confiança nas decisões e no trabalho de seus subordinados. Ao longo dos anos, incorporou-se à cultura da Copesul a disposição de todas as pessoas nela empregadas se dedicarem a fazer bem-feito seu trabalho, ou qualquer outra atividade relativa à vida na empresa. Da telefonista ao vigilante da portaria, que são os primeiros contatos de quem se dirige à Copesul, até a pessoa da mais alta responsabilidade dentro da organização, todos estão convencidos de que sua tarefa é de fato importante para o resultado final e se esforçam para executar o melhor possível suas atribuições. A responsabilidade individual de cada colaborador para com o grupo e as
realizações coletivas é a outra característica que considero digna de menção. A isto
podemos chamar de coleguismo moderno, agora não mais circunscrito aos limites de uma sala
e seus ocupantes. Mesmo porque, na Copesul, o que menos se vê são paredes dividindo
ambientes. Confiança total A Copesul é uma empresa moderna, onde vigora a cultura da responsabilidade coletiva. Todos respondem pelo que acontece na empresa e, com o mesmo empenho, se envolvem para suprir as demandas. Essa realidade transparece nos processos de trabalho. Uma pessoa encarregada da manutenção de um determinando setor de produção da fábrica, por exemplo, sabe como funciona a comercialização dos produtos, como é atendido o cliente, como a matéria-prima entra na empresa. Ninguém sacode os ombros e diz "isso não é comigo". Todos são responsáveis por tudo. A Copesul ganhou o PNQ porque é ousada. A delegação de competência é um componente muito forte da cultura da empresa, e conceder autonomia aos colaboradores, em todos os níveis, é uma ousadia que poucas organizações se arriscam a assumir. Mesmo em empresas ditas modernas com louváveis exceções, felizmente , o que se vê é um círculo vicioso. Não há delegação nem de autonomia; o funcionário faz seu servicinho, se protege atrás da cadeira quando a demanda sai da rotina e não se compromete com o resultado global do grupo. Havendo uma realidade de atribuição de competência, alicerçada em confiança total, o colaborador procura fazer melhor possível o seu trabalho e se compromete com os resultados. Em outras palavras, é responsável por tudo. Índices positivos Quando a Copesul foi criada, em meados dos anos 70, e começou a operar, já no final de 1982, o modelo petroquímico brasileiro ainda era atrelado ao capital estatal. As três indústrias que produzem a primeira geração petroquímica no Brasil (os produtos iniciais da cadeia), entre elas a Copesul, nasceram dentro da extinta Petroquisa uma subsidiária da Petrobras para o setor. Foram tempos de mercado protegido. Mas já naquela época, mesmo estatal, a Copesul desfrutava de índices de desempenhos operacional e financeiro muito positivos. Ao ser privatizada em 1992, a Copesul se libertava dos limites impostos às empresas públicas e da burocracia administrativa. Sem protecionismo, precisava aprender a se movimentar com as próprias pernas no mercado petroquímico internacional e também garantir sua matéria-prima esta fornecida pela Petrobras, embora já não fosse mais uma empresa do grupo. Mas precisava agir rápido para continuar apresentando índices econômicos e de produtividade industrial superiores. A partir de 1993, a Copesul submeteu-se a uma profunda reestruturação organizacional, que à época levava o nome de reengenharia. Desse programa nasceu uma nova empresa. Todos os antigos procedimentos e formas de organização do trabalho e da produção foram estudados com profundidade e reorganizados em processos principais, auxiliados por processos de apoio. Ao final de 1994, na elaboração do planejamento estratégico da empresa, as normas e princípios adotados a partir da reestruturação foram consolidados em um instrumento denominado Sistema Copesul de Gestão uma espécie de cartilha que orienta a empresa na sua busca pelo nível de excelência de classe mundial. A Copesul já alcançou esse nível, como atesta o Prêmio Nacional da Qualidade 1997. O Sistema Copesul de Gestão é um processo dinâmico que não se esgota
nem termina ao final de um semestre ou do ano. Pelo contrário: facilita a adaptação da
empresa às novas exigências do mercado e à competitividade internacional a que está
submetida. Times afinados Muita coisa mudou no dia-a-dia da Copesul para fazer acontecer a mudança que levou a empresa a atingir um padrão de classe mundial. Os níveis hierárquicos baixaram de sete para três só temos agora direção, facilitadores e colaboradores. O antigo funcionário especialista deu lugar ao colaborador com polivalência e multiabilidades, com capacidade para suprir prontamente uma necessidade emergencial. É com extrema facilidade que se formam times virtuais na Copesul, formados por colaboradores de diversas áreas que se reúnem para atender a uma demanda específica, e que se extinguem ao final do trabalho. Em toda a empresa, as chefias foram substituídas por lideranças de
grupo. Todo corpo funcional foi organizado em grupos de trabalho os times
liderados por um facilitador que, como o próprio nome indica, é um colaborador que
facilita a ação do time em suas tarefas, no relacionamento com os outros times e com o
nível hierárquico superior. O facilitador é escolhido em consenso pelo time e pelo
executivo da empresa ao qual o grupo está afeito. Comunicação transparente Em todo esse processo de mudança, a comunicação para o público interno exerceu um papel fundamental e alcançou uma eficiência poucas vezes experimentada em empresas brasileiras. Embora sejam poucos os níveis hierárquicos, a permeabilidade das informações que circulam dentro da empresa tem que ser absoluta. A comunicação reflete e reforça o convívio, a troca de experiências e o compartilhamento do trabalho. Os colaboradores da organização precisam ter acesso à informação precisa, no momento certo e com a mais absoluta sinceridade. A Copesul desenvolveu um ambicioso produto de comunicação interna intitulado Transparência. É um newsletter hoje perto de completar quatro anos, que circula no mínimo semanalmente e que desfruta de grande credibilidade junto aos colaboradores. Em cada edição, todos têm a mais absoluta certeza da veracidade da notícia veiculada em Transparência, por si só uma importante ferramenta de trabalho e de administração. A empresa também possui um outro veículo, o jornal Primeira
Geração, de circulação quadrimestral. Diferenciado, colorido, com apresentação
editorial e gráfica apurada, retrata a vida dos colaboradores na empresa e na comunidade,
os eventos importantes e os fatos mais significativos relacionados ao trabalho e às
conquistas da Copesul. A intenção é produzir uma publicação que o colaborador leve
para casa e tenha prazer de mostrar para sua família, já que fala das coisas da empresa
em que trabalha. Os primeiros a saber Como complemento à política de comunicação da Copesul, sempre que necessário e com bastante freqüência a direção se dirige pessoalmente aos colaboradores, em reuniões abertas realizadas no auditório da empresa. O debate é sempre sincero e objetivo. Muitas vezes essas reuniões anunciam e debatem um fato que em seguida será complementado pelo Transparência. Nem sempre o assunto é agradável. Outras vezes é a existência de algum projeto em estudo, cujas informações não podem circular por questões de sigilo empresarial. Neste caso, os colaboradores são comunicados de que há um projeto em andamento e que, no momento oportuno, eles serão os primeiros a saber das novidades. Essa sinceridade no relacionamento da liderança com todos os colaboradores, alicerçada por um regime de comunicação fluido e profissional, é o que faz todas as engrenagens da empresa trabalharem com perfeição. E assim tem sido. (*) Luiz Fernando Cirne Lima é diretor-superintendente da Copesul.
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