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O Brasil precisa ocupar espaços no exterior

Ruy Martins Altenfelder Silva*
 

Nos últimos anos, uma combinação de fatores levou a uma significativa melhora da imagem do Brasil no exterior. A eleição de um presidente civil pelo voto direto, o fim das restrições às importações, a privatização de setores há longo tempo sob controle do Estado, a estabilidade institucional que resistiu sem abalos até a um impeachment presidencial, além da relativa estabilidade econômica desde o Plano Real, permitiram a diversificação das notícias publicadas sobre o País na imprensa internacional - antes concentradas em assuntos como futebol, carnaval e descaso com o meio ambiente.

Apesar desses avanços, o Brasil continua pouco conhecido e ainda predominam, na imagem externa, vários estereótipos. Todos os esforços até agora realizados para que o País ocupe um papel de destaque no cenário econômico mundial podem ficar comprometidos se não houver uma integração de esforços de toda a sociedade, em especial de governo e empresários, no desenvolvimento de uma política de comunicação estratégica à altura das exigências da globalização e da velocidade de circulação das informações.

A Conferência de Cúpula dos Países da América Latina, Caribe e União Européia, que será realizada em junho próximo, no Rio de Janeiro, é um exemplo de como a sinergia das áreas de comunicação governamental e empresarial podem trazer melhores resultados para o País. O evento tem grandes chances de lançar negociações formais entre a União Européia e Mercosul para a definição das bases de um futuro acordo de livre comércio entre os dois blocos econômicos. Um acordo dessa magnitude, se efetivado, terá conseqüências altamente positivas, fortalecendo a posição do Brasil no comércio mundial e criando uma infinidade de oportunidades para novos negócios e geração de empregos.

Embora as maiores resistências para a concretização do acordo partam da França, pressionada pelo corporativismo dos agricultores, observadores internacionais são capazes de jurar que o problema está entre os países do Mercosul. Isso acontece, em larga medida, pelo fato de os empresários e os governos de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile adotarem políticas de comunicação muito tímidas, incapazes de demonstrar de forma clara que os amigos da reserva de mercado e dos subsídios não estão no continente sul-americano. É um caso clássico de comunicação empresarial mal planejada, sem foco e, por isso mesmo, ineficiente.

Enquanto patinamos por aqui, os agricultores franceses conseguem grandes espaços na imprensa de todo o mundo ao ocuparem ruas e praças de Paris com seus tratores, frangos e porcos na defesa dos subsídios estatais à agricultura e de medidas protecionistas contra importações. Não existe um planejamento estratégico por parte de empresários e governos do Mercosul para reverter a situação atual. O Ministério das Relações Exteriores, a Secretaria de Comunicação Social e outros órgãos do governo têm demonstrado competência nos esforços para melhorar a imagem do Brasil. Mas é preciso ir além.

Na semana que antecede a Conferência de Cúpula do Rio, o Instituto Roberto Simonsen, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), e o Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Lisboa, promoverão em São Paulo uma nova rodada do Fórum-Euro-Latino Americano, discutindo os principais temas da reunião do Rio e o novo multilateralismo, com a presença de importantes especialistas. Um projeto bem feito, agora, somando esforços de empresários e governo, permitiria ao Brasil comandar a política de comunicação do Mercosul e chegar à Conferência do Rio com vantagens comparativas relevantes.

A comunicação apresenta importância estratégica para que o "produto" Brasil possa ocupar seu espaço no comércio multilateral e firmar uma imagem compatível com o potencial de sua economia. Os resultados de planejamento e ações na área de comunicação oferecem matéria-prima de alto valor para impulsionar decisões políticas aqui e no exterior, abrindo perspectivas promissoras tanto para comércio como para o desenvolvimento global do País.

 

*Ruy Martins Altenfelder Silva, advogado e jornalista, é presidente da ABERJE - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial e do Instituto Roberto Simonsen (Fiesp/Ciesp).

  

   

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