O Valor das Palavras Paulo Nassar* Os profissionais em Recursos Humanos, gestores de gente, ou humanólogos, mais do que ninguém sabem o valor que contém cada palavra. Por isso mesmo, nestes últimos quinze anos, principalmente depois do que se convencionou chamar, aqui no Brasil, de transição democrática, esses profissionais foram se transformando em gestores de palavras, em gestores de Comunicação. O universo de palavras desses novos homens de Comunicação se transformou em um dicionário muito especial, onde se misturam com força o management norte-americano e japonês. Qual o gestor de Recursos Humanos que não ficou quebrando a cabeça para traduzir cada S da metodologia oriental dos 5S? Quem não colocou uma grande interrogação a sua frente ao se deparar com o desafio de decodificar para os seus exércitos de trabalhadores as inúmeras metodologias que levam à Qualidade Total? E quem se lembra da dor de cabeça que deu o Gráfico Seqüencial de Ishikawa, a trilogia de Juran, o grupo de Benchmarking? Ai que saudades eu tenho dos primeiros círculos de qualidade, das cartas de estratificação, de tendências, do Diagrama de Pareto e do Ciclo de PDCA, da aurora da minha vida, da minha infância querida que os dias não trazem mais. Brincadeiras e poesia a parte,os humanólogos continuam descobrindo nas suas gestões de palavras que a Comunicação deixou de ser uma área, uma sala da empresa e se transformou num elemento tão importante, para qualquer atividade, como a Água, o Fogo, a Terra e o Ar. Ou seja, um elemento essencial, daquele tipo que não se vai a lugar nenhum sem ele. Sem o Ar você não respira. Sem Água você seca. Sem Fogo você morre de frio. Sem Terra você não pisa. E sem Comunicação você (a empresa) não consegue comprometer os seus trabalhadores com coisas como "a necessidade de conquistar os padrões ISO", a bandeira da qualidade, o foco no cliente, a redução dos custos, etc. É preciso frisar que para comprometer os trabalhadores com as inúmeras bandeiras fundamentais e estratégicas para a o sucesso de gestão, os novos gestores de palavras vão ter que convencer dos benefícios de suas metas inúmeros públicos que têm impacto na operação das empresas, a começar pelos próprios trabalhadores. A eles somados estão públicos como as famílias dos colaboradores, os sindicatos, as comunidades que rodeiam as fábricas e empreendimentos, a imprensa, os acionistas, os políticos, entre outros. O presidente e os diretores da empresa podem ser eficazes em parte da tarefa de
convencimento de quem está do lado de fora da fábrica ou do negócio, mas o maior motor
de credibilidade ainda se chama empregado, funcionário, colaborador, trabalhador
(Cuidado, escolher o nome que você está dando aos integrantes de sua força de trabalho
já é um grande exercício de Comunicação). São os milhões de trabalhadores que
constroem por meio de palavras e gestos simples, orgulho de estar num bom lugar para se
trabalhar, o bom lastro para edificar imagens e marcas sólidas. * Paulo Nassar é secretário executivo da Aberje, vice-presidente da ACELP e autor de A Comunicação da Pequena Empresa (Editora Globo). |
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