Revista MSG 8 fala da crise dos intermediários

A Aberje lança, em parceria com a Lazuli, o oitavo número da revista MSG de Comunicação e Cultura. O tema central da edição é “Mediação”, abordado por vários pesquisadores sob o ponto-de-vista da crise dos intermediários.

O diretor-geral da entidade, Paulo Nassar, e o diretor da editora, Miguel de Almeida, assinam o editorial “Admirável Mundo Novo”, onde relembram que diversas manifestações de protesto mundo afora, inclusive no Brasil, têm sido convocadas por meio das redes sociais. No Egito, uma ditadura, depois de décadas no poder, foi varrida do mapa por uma multidão desorganizada – na expressão definitiva do poeta Ferreira Gullar. As gravadoras sentem-se conflagradas após a febre da troca de arquivos digitais. São alguns exemplos de uma crise de mediação, motivada seja pelas novas tecnologias com a abolição de estágios e intermediários, seja por uma reconfiguração das forças sociais, ancorada no eclipse de figuras centenárias de representação. Nassar e Almeida apontam que partidos políticos, sindicatos, associações diversas estão postos à prova de legitimidade.

Nos últimos anos, a comunicação como mediadora entre informação e público tem sido questionada constantemente pelos novos modelos trazidos pela revolução tecnológica. A crise de representatividade vai além do campo midiático e se estende para todo tipo de mediador: igrejas, sindicatos, partidos políticos, universidades que se deparam com impasses que destronam suas antigas posições. Nesta perspectiva, o escritor, roteirista e dramaturgo Lauro Cezar Muniz dá sua contribuição em “Televisão, mediação”, onde reflete sobre a estruturação e o poder da Rede Globo. Já Ricardo Ohtake, designer gráfico que dirige o Instituto Tomie Ohtake, traz “Arte Pura” e as alterações no gosto do público sobre a atividade chamada cultural.

“Homo Dissatisfactens” é o texto de Luli Radfahrer, doutor em Comunicação Digital pela Universidade de São Paulo, onde atua como professor. Para ele, mesmo entre os mais moderados, há um visível desconforto com a velocidade das mudanças. Partindo do pressuposto de que velocidade e obsolescência são as manifestações mais evidentes do século XXI, o antropólogo e jornalista Rodolfo Guttilla está na edição com o texto “O livro está morto, mas juro que não fui eu”, onde analisa a demanda por este artefato com a incorporação exponencial de novos leitores em países emergentes.

Ainda no tema, uma entrevista com o jornalista Otávio Frias Filho está intitulada “Comunicação Renovada”, onde discorre sobre política, mudanças jornalísticas a partir da internet, novos desafios para a mídia e o papel atual da mediação. Roberto Romano, professor de Filosofia e Ética Política na Unicamp, escreve “Mediação, das matrizes éticas aos frangalhos do poder político”. Para o cineasta e escritor João Batista de Andrade, há um mal-estar generalizado em toda a humanidade, que une todos como humanos e que rompe barreiras linguísticas, religiosas, ideológicas e geográficas – veja mais no artigo “IM-mediações”.

O material específico sobre mediações é encerrado com depoimento de Paulo Sérgio Pinheiro, diplomata e cientista político, professor aposentado da USP, em que reflete sobre os diversos âmbitos da mediação social, tais como política, religião, educação e imprensa.

A revista, que chega às bancas com 76 páginas, pode ser adquirida nas unidades da Livraria da Vila, Livraria Cultura, FNAC, entre outras. Werner Schulz é o diretor de arte e projeto gráfico, com Adriana Vichi como editora de fotografia. Bruno Castanho, Eduardo Goulart de Andrade e Fernanda Fatureto são os repórteres, em revisão de Luciana Azevedo. Nara Almeida atua como produtora executiva.