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Conscientização: o mais importante passo no combate ao câncer de mama

25/10/2013

Em alusão ao “Outubro Rosa” – campanha mundial em combate ao câncer de mama, o GE Imprensa Brasil entrevistou Dr. Filipe Barra, radiologista da clínica IMEB (Imagens Médicas de Brasília). O médico falou sobre a importância da conscientização, prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Além disso, destacou a evolução de algumas tecnologias para ajudar nesse diagnóstico precoce e preciso da doença.

 
1) O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o primeiro entre as mulheres. Como o Dr. enxerga uma maneira de evitar a evolução da doença?
Sem dúvidas, a melhor forma de evitar a evolução de qualquer doença é prevenindo-a. Principalmente no caso do câncer de mama, só se cuida quem tem conhecimento da doença e, por isso, é importante apoiar as ações de conscientização. As campanhas têm papel fundamental neste ponto. Trabalha-se, cada vez mais, para alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce. É preciso ter médicos disponíveis para realizar exames das mamas, ensinar as mulheres a realizarem o autoexame além de aparelhos de mamografia de qualidade.  Ou seja, é muito importante lembrar que a mamografia de rastreamento, juntamente com o exame físico, é fundamental para a redução da incidência do câncer de mama.

2) Sabemos que o IMEB é uma clínica reconhecida por seu pioneirismo na aquisição de novas tecnologias de diagnóstico médico. Tendo isso em mente, quais equipamentos vocês tem disponíveis para o diagnóstico precoce do câncer de mama? O Dr. poderia falar um pouco dos diferenciais de cada um deles?
Atualmente no IMEB possuímos:
Mamografia digital de campo total: um dos principais exames para detecção do câncer de mama. As desvantagens nesta aplicação se dão nas mulheres com alta densidade mamária que podem apresentar dificuldades na detecção de nódulos mamários.
Ultrassonografia: fundamental para avaliação de nódulos mamários, porém sua utilização como rastreamento é controversa, devido ao tempo de execução do exame e aumento do número de lesões benignas detectadas.
Elastografia por ultrassom: funciona como auxiliar na ultrassonografia, na caracterização dos nódulos mamários. Na detecção precoce, esse exame ajuda na redução do número de biópsias com resultados benignos.
Mamografia digital com contraste: é uma mamografia digital onde se obtêm as imagens da mamografia tradicional e imagens com informações vasculares, detectando mais lesões e caracterizando-as melhor. Não depende da densidade mamária e pode detectar nódulos e lesões ocultas à mamografia tradicional. Estudos com essa tecnologia demonstram performance superior à da mamografia e da ultrassonografia, bem como semelhante à da ressonância magnética.
Imagem molecular mamária: é uma cintilografia das mamas realizada em um aparelho de aparência semelhante a um mamógrafo. Utilizando uma compressão menor que a mamografia, é possível detectar alterações iniciais, com boa diferenciação entre o tecido mamário normal. Estudos recentes, nos Estados Unidos, demonstram uma performance superior à da mamografia, quando utilizada como rastreamento, em especial nas mulheres com mamas densas.
Ressonância Magnética das mamas: é um dos melhores exames de avaliação mamária, porém, como rastreamento, é demorado e possui alguns inconvenientes na sua realização, tais como a claustrofobia. É a melhor ferramenta complementar à mamografia em casos de mamas densas, mulheres com histórico familiar e lesões palpáveis.

3) Normalmente, quando a doença é detectada no início, muitas medidas podem ser tomadas no sentido de ajudar na cura. Em sua opinião, qual é o equipamento mais moderno para ter esse diagnóstico logo no início da doença? Essa solução já está disponível para toda a população?
Difícil falar apenas de um único aparelho. A tomossíntese é a evolução da mamografia, com melhor performance em vários cenários, porém acredito que ainda seja insuficiente para detectar muitos casos iniciais. Tanto a imagem molecular mamária quanto a mamografia com contraste nos dão ótimas esperanças neste aspecto. Entretanto, acredito que a mamografia com contraste seja um aparelho mais completo, pois mantém a mamografia tradicional e acrescenta informações semelhantes às de uma ressonância magnética. As novas tecnologias precisam ser incorporadas à prática diária do médico assistente.

4) Diversas soluções para o diagnóstico precoce já estão disponíveis no mercado. Em sua opinião, como elas devem ser utilizadas? Por exemplo, em qual caso deve-se utilizar a mamografia com contraste?
Utilizar tanto a mamografia com contraste quanto a imagem molecular mamária ajuda na redução do tempo para se detectar as lesões. Mamas densas, histórico familiar, nódulos palpáveis com mamografia normal, dentre outros, são itens que devem ser levados em consideração durante exames.

5) Quais são os diferenciais dos principais equipamentos disponíveis hoje no mercado? Como o Dr. enxerga a evolução da medicina neste sentido?
Vivenciamos, nos últimos 10 anos, uma mudança significativa em relação ao que temos disponível hoje no mercado para avaliar o câncer de mama. Mais disponibilidade de mamógrafos digitais, ou mesmo digitalizados, e da ressonância mamária, além do surgimento da tomossíntese, mamografia com contraste e imagem molecular mamária. Diagnósticos mais precoces e precisos são os diferencias destes aparelhos. Deixando de lado as disputas de fabricantes e pesquisadores sobre o que é melhor, todos trazem benefícios para a mulher. Quem ganha com isso é a paciente.

6) Quais as últimas conquistas na medicina para tornar o diagnóstico mais acessível a todos? Equipamentos menos custosos conseguem apresentar resultados semelhantes àqueles com alta tecnologia?
Os novos equipamentos agregam novas tecnologias e com isto apresentam maior custo. Na verdade, o avanço mais significativo para trazer o diagnóstico acessível é a portabilidade dos equipamentos e transmissão remota de dados. Isto torna possível levar equipamentos de qualidade, dentro de veículos, para cidades longes dos grandes centros e permite que os especialistas, localizados nos grandes centros, avaliem os exames realizados. Mas ainda existe um fator limitante importantíssimo: lesões podem ser identificadas, mas precisam de biópsia – e isso, mesmo em grandes centros ainda não é amplamente acessível. Equipamentos menos custosos, desde que submetidos a controles de qualidade e utilizados por profissionais habilitados, podem ajudar a resolver grande parte das necessidades referentes ao diagnóstico do câncer de mama.

7) Qual a sua visão sobre o autoexame? É importante para diminuir o alto índice de mortalidade por câncer de mama?
Sou favorável à realização do autoexame. O autoexame funciona, principalmente, como um fator de educação da mulher, pois conhecendo seu corpo, ela poderá detectar alguma alteração. Mesmo se a mulher for regularmente ao médico e realizar os exames de forma rotineira, o autoexame ajuda, em especial, nos casos de tumores agressivos e de crescimento rápido, que surgem no intervalo dos procedimentos clínicos.

8) Quando é recomendado fazer ultrassonografia e quando é melhor fazer a mamografia? Qual a frequência ideal de se fazer cada tipo de exame?
É recomendada a realização anual da mamografia a partir dos 40 anos de idade para todas as mulheres. A ultrassonografia é um método complementar à mamografia, especialmente utilizada nos casos de mamas densas. A indicação da ultrassonografia fica a critério do médico assistente (ginecologista ou mastologista) ou do médico radiologista.

9) Segundo pesquisas de mercado, muitas mulheres evitam a mamografia por medo de sentir dor. Como o Dr. enxerga uma forma de desmistificar essa cultura?
Com o incremento da tecnologia, a compressão realizada está cada vez menor. Comprime-se o mínimo para obter uma imagem com qualidade adequada. Além disso, se realizada na fase correta do ciclo menstrual, pode ser praticamente indolor. O exame é rápido. São 10 minutos que têm importância fundamental na vida da mulher.

10) Hábitos de vida mais ou menos saudáveis podem contribuir para o desenvolvimento da doença? E questões reprodutivas? O que é verdade e o que é mito?
Bebidas alcoólicas, obesidade e sedentarismo podem contribuir sim para o desenvolvimento da doença. A relação da utilização de “pílulas anticoncepcionais” e o câncer de mama, por exemplo, é controversa, temos estudos que apresentam resultados divergentes. Entretanto, mulheres que já tiveram câncer de mama não devem realizar a terapia hormonal.

11) Como estão os avanços em técnicas de reconstrução? Há perda de sensibilidade para a paciente que passa pelo procedimento?
A reconstrução busca reestabelecer a autoestima da mulher. Hoje a reconstrução é obrigatória por lei, no ato da mastectomia. A sensibilidade mamária depende do tipo de abordagem. Na adenomastectomia onde se remove a glândula mamária e preserva-se a pele, a sensibilidade é preservada parcial ou totalmente, retornando após semanas ou meses. Porém, em casos de mastectomia, é difícil se obter uma boa sensibilidade para a nova mama, ocorrendo perda parcial, em graus variáveis.

12) Há componente genético no câncer de mama? Uma mulher com histórico familiar da doença tem maior chance de desenvolvê-la? A quais fatores deve-se ficar atento?
Do ponto de vista familiar, é preciso esclarecer a questão genética – quando há mutação genética e o risco pode chegar a 80% – este é o caso da atriz Angelina Jolie. Os exames de avaliação de mutação genética são caros e pouco realizados. O que mais acontece é que membros da mesma família tendem a compartilhar os mesmos hábitos de vida e ambientes, podendo ser expostos de forma semelhante a agentes estimuladores do câncer. Ou seja, é preciso ficar atento aos hábitos de vida e manter uma avaliação médica regular.

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