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Paulo Nassar
diretoria@aberje.com.br

Diretor-Presidente da Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. Professor livre-docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e pós-doutor pela Libera Università di Lingue e Comunicazione, Milão, Itália. Integra o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (PPGCOM-ECA/USP). É Coordenador do Grupo de Estudos de Novas Narrativas (GENN ECA-USP). Autor de inúmeras obras no campo da Comunicação.

A matemática afetiva

              Publicado em 12/02/2010

Copyright Terra Magazine - 13/02/2010
 


Obra de José Patrício


A exposição “O Número”, do pernambucano José Patrício, no espaço Caixa Cultural Rio de Janeiro, até 7 de março, sugere a existência de afetividade sob a aparente frieza da matemática. A mostra, com 12 obras e foco na ideia de número, foi produzida a partir de elementos que estimulam o observador a quantificar, a organizar. Uma delas, “A Coleção”, contém 6274 botões de roupa. Outras obras são compostas por peças de quebra-cabeça, dados, e alfinetes, que me lembraram a proposta de linha de produção de alfinetes, quantificados e organizados, no livro “A Riqueza das Nações, de 1776, de Adam Smith.

José Patrício parece estimular comunicadores de empresas e instituições a pensarem sobre a comunicação mecânica, que despeja informação massificada na sociedade, sobretudo nos empregados, sem preocupação ética e estética. Afinal, vivemos na sociedade dos excessos e, entre eles, a obsessão pela medida, pela organização, amplamente reforçada pela comunicação empresarial, sem afetividade, porque não há lugar para a contemplação, para o pensar e o criar desinteressado ou para a conversa que integra, que gera o sentimento de pertencer, de fazer parte de alguma coisa. Para o administrador, todo gesto deve corresponder a uma intenção, uma meta, um objetivo, um resultado. É imperativo viver sobre uma linha do tempo, traçada dentro do relógio. A vida, orientada pela produção, acabou com a rotina desejada pelos trabalhadores franceses organizados na segunda metade do século XIX: 8 horas de trabalho, 8 horas de lazer e 8 horas de descanso.

No ambiente corporativo, prolongado por meio das formas digitais de relacionamento, o mantra quantitativo destaca a avaliação de homens e mulheres por réguas. Mensuração, resultados, metas, indicadores, índices, percentual, entre outros, são os verbetes do dicionário do trabalho. A transcendência foi escoada pela torrente de contagem dos escritórios, das fábricas e das ruas.

Nenhum deus quer morar na casa de máquinas, na memória do computador ou na encruzilhada esfumaçada. Os deuses e arteiros, longe do trabalho insano, parecem gostar dos jogos, das mulheres e de combinações infinitas. As suas igrejas e galerias são lugares de inovação e provocação. O mundo do trabalho, com seus slogans de inovação, se afastou das artes e suas possibilidades. O artista pernambucano José Patrício aponta para um caminho no qual as artes da medida e da contagem se fundem com o espírito e a imaginação.


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 2283

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