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COLUNAS


Rodrigo Cogo
rodrigo@aberje.com.br

@rprodrigo

Relações Públicas pelo Curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Santa Maria , é especialista em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e RP e Mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Trabalhou por 10 anos com planejamento e marketing cultural para clientes como AES, Bradesco, Telefonica e BrasilTelecom. Tem experiência em diagnósticos de comunicação, para empresas como Goodyear, HP, Mapfre, Embraer, Rhodia e Schincariol. Atualmente, é responsável pela área de Inteligência de Mercado da Aberje, entidade onde ainda atua como professor no MBA em Gestão da Comunicação Empresarial.

Em busca da polifonia organizacional, há várias memórias e reputações em circulação

              Publicado em 20/12/2013
As transformações contemporâneas estão ocorrendo cada vez mais rápidas e com variados impactos em toda a sociedade. A competitividade das empresas sofre uma influência considerável dessas mudanças, entre outros fatores pela própria variedade de grupos de inter-relação e pela agilidade de circulação de informações em sociedades integradas globalmente. Como assinala Terra, as empresas são muito mais porosas, histórias entram e saem de maneira muito mais rápida e com abrangência muito maior. Os públicos se encontram numa situação de fragilidade de identidade, de enfraquecimento de vínculos sociais diversos, de busca de sentido, de desorientação quanto ao presente e ao futuro e de carência de referenciais. Com isto, avulta a importância de consolidar a confiança num cenário de perda crescente de influência das organizações estabelecidas. Halliday já falava que os públicos-alvo são coatores em construção da legitimidade organizacional, ou seja, da tessitura do consenso para que a organização seja e continua a ser bem aceita como agente econômico, social, cultural e político.
 
A complexidade e as incertezas de cenário fazem as organizações buscarem formatos de gerenciamento baseados num intenso diálogo e no engajamento de seus públicos de interesse. A construção de redes de relacionamento parte de relações humanas mais abertas e cooperativas, a partir de um planejamento que posiciona a comunicação em patamar estratégico e que dá fluidez a múltiplas vozes. É isto que sinaliza o conceito de polyphonic organization proposto por Kornberger, Clegg e Carter, considerando esta multiplicidade a partir dos públicos de relacionamento de uma organização e, por consequência, a variedade dos discursos que constituem sua realidade. Estes pesquisadores igualmente aludem às vozes silenciadas pelos discursos hegemônicos e entendem que, através da polifonia, é possível estar apto a compreender mudanças nos padrões de organização entre as pessoas. Trata-se da noção de organização como sistemas verbais construídos socialmente, arenas nas quais uma variedade de tramas simultâneas e descontínuas ocorre por diversos atores. 
 
Daí deriva toda uma preocupação com o que é dito e como é dito. Além disto, deriva uma reflexão acerca da disposição em ter unidade de discurso como estratégia essencial para o cuidado com a reputação – o que continua importante, mas não sem se dar conta que grandes narrativas, como registro linguístico único, podem facilmente inibir, proibir, limitar, dirigir e prescrever de maneira frontalmente oposta à necessidade polifônica. Por isso, é tão pertinente a visão de Nassar quando fala sobre o mundo das relações públicas democráticas: espaço onde a comunicação organizacional valoriza e incorpora a opinião de seus públicos e da sociedade e onde a história pode resgatar vivências e o indivíduo organizacional como protagonista de sua vida, da organização, da comunidade e do país.
 

A consolidação de um cenário de fragmentação, com indivíduos perdidos no seu sentido de existir, traz efeitos diretos na forma com que as organizações se comunicam. Diante da crença na relevância da responsabilidade histórica como ativo reputacional e identitário, é importante para os comunicadores adensarem conhecimentos neste campo. 


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 3540

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